Como evitar briga nas festas de fim de ano por causa do celular

Festas de fim de ano são uma época para reunir família e amigos, para celebrar e para desfrutar da companhia. Idosos, que normalmente se sentem sozinhos e socialmente isolados, esperam especialmente por esse momento para se reconectarem com a família e com os amigos. Porém, quando a tecnologia entra na jogada, os encontros podem acabar não sendo tão positivos.

O uso de tecnologia está crescendo entre todas as idades nos Estados Unidos — inclusive entre os adultos de 65 anos ou mais. Minha pesquisa, entre outras, descobriu que usar computadores, smartphones e internet pode ajudar os idosos a combater a depressão e a solidão e a aumentar sua sensação de bem-estar e autoestima. O uso da tecnologia pode também ajudá-los a sentir que são importantes para os outros e auxiliar a ficarem em contato com aqueles que amam.

Esse é um conflito que um dos meus alunos de doutorado, Christopher Bal, denominou de “divisão física-digital”. Felizmente, nosso estudo oferece explicações para essas dificuldades e também dá sugestões para transformar as desavenças e os dissabores de fim de ano em uma conexão maior entre a família que possa durar ao longo de todo o ano.

Sentimentos conflituosos

Quando se fica longe de casa por dias seguidos, é comum que pessoas mais jovens — pré-adolescentes, adolescentes e jovens na casa dos 20 anos — queiram continuar conectadas com seus amigos. Contudo, os adultos mais velhos podem se sentir frustrados, desrespeitados, isolados e até ofendidos.

No nosso estudo, idosos nos contaram que frequentemente tentam limitar esse e outros efeitos negativos dos dispositivos digitais instituindo “bolhas” antitecnologia em momentos ou lugares específicos. Eles pedem, por exemplo, para que amigos e parentes deixem os aparelhos de lado na hora das refeições ou durante outras atividades importantes, para que fiquem mais focados em dar atenção aos outros frente a frente.

Mas essa não é a única forma de criar um equilíbrio entre usar a tecnologia e interagir pessoalmente.

Encontre oportunidades

Com certeza há momentos em que os dispositivos devem ficar de lado e a interação pessoal é prioridade. No entanto, todas as gerações podem se beneficiar quando membros mais velhos da família veem como podem usar a tecnologia para melhorar suas próprias vidas.

Nosso trabalho sugere que situações com potencial de conflito entre gerações podem ser revertidas em algo para aproximar os familiares. As gerações mais novas podem apresentar os aparelhos tecnológicos aos membros mais velhos da família.

Netos, por exemplo, podem mostrar aos seus avós como usar um celular, um tablet, as redes sociais, explicando o que veem de bom nessas tecnologias. Essa pode se tornar uma oportunidade de ensinamento, ajudando os idosos a aprender como podem se entreter online. Eles podem querer aprender a mandar mensagens — ou a conversar usando a câmera de vídeo — para falarem com parentes geograficamente distantes. Afinal, usar essas tecnologias pode ajudar as pessoas a seguirem conectadas a amigos e familiares depois que os encontros de fim de ano tiverem passado.

Isso provavelmente exigirá uma dose extra de paciência da parte dos jovens “instrutores”. Os idosos aprendem a velocidades mais lentas do que os mais moços. E pode ser mais difícil para eles lembrar as instruções, então eles podem necessitar ver como usar um equipamento ou app diversas vezes. Um fator chave é garantir que os familiares saibam que podem pedir ajuda quando as dificuldades técnicas inevitavelmente ocorrerem.

Se os membros mais velhos da família perceberem como seus descendentes estão empolgados em usar dispositivos digitais, eles podem decidir cruzar a divisão digital geracional — o que pode ajudá-los a viver vidas mais agradáveis e conectadas não apenas durante os feriados, mas durante todo o ano.

* Shelia R. Cotten é professora de Mídia e Informação na Universidade do Estado do Michigan (EUA). O artigo foi publicado originalmente em inglês no site The Conversation.

Fonte: Revista Galileu

Imagem: Freepik

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