Reação a assaltos foi a maior causa de crimes contra policiais

Criada na metade de 2018 para tentar solucionar o grande número de crimes letais contra agentes de segurança, a força-tarefa da polícia civil que investiga as mortes dos agentes solucionou 10 dos 15 crimes que estão sendo apurados. Composta por dois delegados e seis policiais civis, que participam das investigações, o delegado que coordena a comissão, Frank Albuquerque, afirma que os crimes contra os agentes têm como principal característica o fato de terem acontecido fora do horário de serviço, grande parte após os agentes reagirem a tentativas de assalto.

“Apurar os crimes de homicídio, em geral, é uma tarefa difícil, porque muitos aconteceram já tarde da noite, sem testemunhas. No caso dos agentes de segurança, foram os informantes que muitas vezes acabaram ajudando a localizar possíveis suspeitos”, explica o delegado. Dos sete casos que estão sob responsabilidade do delegado, cinco já estão concluídos, e outros dois já possuem suspeitos, que aguardam decisões judiciais para a realização de diligências de investigação.

Em 2018, 26 agentes de segurança foram mortos no Rio Grande do Norte, em situações que variam, desde execuções a tentativas de assalto, sendo a maior parte pertencente a este último grupo. Dos 26 casos, somente 15 estão com a Divisão de Homicídios, enquanto os demais ficaram sob a responsabilidade de delegacias no interior. Em um dos casos, como o do cabo da Polícia Militar Melqui Djacy Rodrigues, de 41 anos, morto no dia 8 de junho com tiros na cabeça no bairro de Lagoa Azul, na zona Norte da cidade, o roubo já havia sido premeditado, com o objetivo de roubar a arma do policial.

Três pessoas participaram da morte de Melqui Djacy – dois dos autores morreram, posteriormente, e o terceiro, Alex Felipe do Nascimento, confessou ter participado do crime, a pedido de Matheus Yang Fernandes, morto em uma troca de tiros em Candelária no dia 11 de janeiro de 2019, após uma tentativa de assalto. De acordo com Alex, ele não sabia que o homem que assaltariam era policial. Mateus Yang teria oferecido a quantia de R$ 1,5 mil para que Alex participasse do roubo – valor que ele afirma ter recebido, como combinado.

Essa, no entanto, não é a regra. “A regra é o acaso. Muitos dos policiais estavam fora de serviço, viram uma situação de assalto ou tentativa e, ao tentar reagir, acabaram sendo atingidos pelos bandidos”, afirma Frank Albuquerque. Muitos dos suspeitos, de acordo com o delegado, já estavam dentro do Sistema Prisional e outros, como Mateus Yang, morreram de forma violenta.

Apesar das limitações, o delegado Frank Albuquerque afirma que os resultados apresentados pela Força-Tarefa mostram que é possível solucionar os crimes. “Apesar das limitações de pessoal, estamos tendo êxito em identificar os culpados pelas mortes e levá-los à Justiça. O processo, no entanto, não é rápido”. Entre 2017 e 2018, o número de crimes violentos contra agentes de segurança cresceu 19,3% no Rio Grande do Norte. Em 2017, foram 21 assassinatos, sendo 18 policiais militares, um guarda municipal e dois agentes penitenciários. Em 2018, foram 26 mortes, sendo 20 PMs e dois policiais civis.

Antes de completar a primeira quinzena de 2019, três agentes de segurança foram mortos no RN. Edivan Sadan, ex-policial militar, foi morto a tiros no bairro de Dix-Sept Rosado, na zona Oeste da capital potiguar no dia 8 de janeiro. Ele foi expulso da PM em 2005 junto com outros sete policiais militares, acusado de fazer parte de um grupo de extermínio. No dia 13, Cícero Melo Geminiano, de 55 anos, foi morto a tiros em Mossoró. De acordo com testemunhas, Cícero estava acompanhado da mulher em uma lanchonete quando foi surpreendido por um homem que chegou atirando por trás, atingindo o rosto e o tórax da vítima.

Em Natal, no dia 12, Rafael Andrade da Silva, de 37 anos, Policial Militar reformado, morreu após ser baleado em uma briga de bar no conjunto San Vale, na zona Sul de Natal. Enquanto trocava socos com um homem no estabelecimento, um terceiro indivíduo atirou em Rafael. A ação foi registrada por câmeras de vigilância no local.

Fonte: Tribuna do Norte

Imagem:  iStock

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