Star Trek: Doug Jones fala sobre seus personagens icônicos em sua primeira visita ao Brasil

Na última quinta-feira, 31 de janeiro, aconteceu em São Paulo a coletiva de imprensa da “StarCon 2019: O Mundo de Doug Jones“, que acontece neste sábado (2/ fevereiro), no Teatro Eva Wilma, no Tatuapé, zona leste paulistana.

O ator que veio ao Brasil exclusivamente para a convenção, mas também para promover série Star Trek: Discovery, que estreou no dia 17 de janeiro, com cada episódio sendo lançado semanalmente. Mas também, Jones veio falar um pouco sobre sua carreira e personagens icônicos que ele já interpretou ao longo dos 30 anos de carreira.

Descontraído e muito solícito, o ator respondeu perguntas dos jornalistas presentes, que se dividiram entre Star Trek e nos outros trabalhos de Jones. Sobre a série, ele a vê como um desafio que precisa decifrar, assim como um aluno que está aprendendo uma nova lição, completando afirmando que, “cada roteiro que eu pego em mãos é como se fosse uma prova final que eu preciso me sair bem“. Além disso, ele ainda não poupou elogios sobre o universo de Jornada nas Estrelas, alegando sobre como coloca elementos sociais e políticos na série, de forma leve e descontraída, falando sobre raças distintas e sexo livremente, num futuro ímpar em que não há distinções e preconceitos. “Esta é a parte que eu mais amo na série“, completa o ator.

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Foto por Priscila Visconti

E quando perguntado a Jones sobre qual seu capitão favorito, ele apenas riu e respondeu de forma espontânea que: “Eu amo os dois, como todos nós amamos, mas por diferentes razões. Eu amo o Capitão Kirk porque ele foi meu primeiro capitão, é algo muito nostálgico. Eu nasci em 1960 e o show começou em 1966. Então, por questões nostálgicas, Capitão Kirk. Mas por questões como “Oh, meu Deus, que ator incrível!”, seria Capitão Picard. Patrick Stewart é um ator fantástico e um cavalheiro.

Mas, as perguntas não pararam por aí, afinal o evento também é para relembrar o Mundo de Doug Jones, e quando surgiu o assunto de quando ele interpretou o Surfista Prateado, personagem icônico do universo Marvel e um dos favoritos de Stan Lee, ele abriu o coração falando sobre sua admiração pelo personagem e também, pelo quadrinista.

Quando eu conheci Stan, eu perguntei por que o Surfista era seu favorito e ele respondeu: ‘Este é um personagem que eu posso falar sobre condições humanas, sobre o que humanos fazem com o planeta e com eles mesmos, sob a perspectiva de um alien que está apenas de visita’. Eu fiquei bem impressionado por saber que ele era seu herói favorito. Foi uma honra. Ele faleceu recentemente mas sempre será lembrado“, disse aos jornalistas.

Foto por Priscila Visconti

Além do mais, Jones ainda falou sobre sua caracterização mais demorada, mas que ele mais gostou de fazer, que foi o personagem Abraham Sapien, de Hellboy, que era mais de seis horas de caracterização e mais duas horas para tirar toda a maquiagem. “O meu favorito até agora foi o de Labirinto do Fauno, por ser tão bonito e único. Eu amo o personagem, o visual dele, as mãos, o design – inclusive, a maquiagem até ganhou o Oscar no ano do lançamento do filme“, comenta o ator, que ainda completou dizendo que o Saru é um dos personagens mais fácil de interpretar, pois é necessário apenas de um máscara em a maquiagem nas mãos.

Entre outros que ele interpretou, o mais icônico, foi o homem-anfíbio, em A Forma da Água, de Guillermo Del Toro, sendo fundamental para sua carreira.

De todas as criaturas que já encarnei, este foi o que mais demorou tempo para o visual ser desenvolvido. Ficou em desenvolvimento por muito tempo e sua beleza artística mostra porque realmente demorou. O truque era fazer o visual dele mais bonito não só como criatura, mas também sexy, porque o homem-anfíbio precisava ser atraído por uma mulher. No fim, o homem-peixe acabou sendo bem sexy e foi um dos personagens mais bonitos que já encarnei“, acrescentou Jones, que ainda comentou sobre sua amizade com diretor mexicano e sua admiração plena por Del Toro.

“Já vivi tantos monstros, muitas criaturas… Mas os personagens de Guillermo são monstros que têm corações humanos. Os monstros reais de seus filmes são os humanos ruins que abusam de poder. Ele nos oferece monstros que podemos nos relacionar de alguma forma“, disse o ator, que ainda completou contando detalhes que assimilam sobre sua trajetória como artista. “Eu venho de uma infância em que achava que eu era o monstro. Eu era magro, alto e não sabia como me encaixaria. Eu sentia um isolamento que muitos monstros nos filmes também sentem. Então, quando eu interpreto um monstro, eu o completo com meu passado e com os problemas que tive. É algo muito terapêutico para mim. Guillermo encontrou a salvação para seus monstros e para que aprendamos com eles. E o que eu aprendi com eles foi que, além de interpretá-los, eu também posso aceitar o monstro que eu sentia que era, e posso achá-lo bonito“, acrescenta, Jones.

Ainda estavam presentes na coletiva, o dublador do Comandante Saru, Fábio Moura e o diretor da dublagem e intérprete brasileiro de Ash Tyler (Shazad Latif), Diego Lima. Aonde Fábio comentou sobre como é dublar o personagem de Jones e a visão que ele tem do seriado: “No meu trabalho fazendo a voz do Doug em português, eu sempre tento ir como mostrado na tela, procuro seguir o máximo do original. Geralmente eu vejo apenas as partes do episódio em que Saru aparece, não tenho uma visão completa do capítulo. Mas o diretor tem“. E Diego Lima completou dizendo: “Não é muito fácil adaptar Star Trek. Temos de usar as traduções consagradas pelos trabalhos passados nas séries anteriores, a terminologia correta. Para isso temos alguns consultores. A estrutura do inglês em relação ao português muda muito, e nós tentamos adaptar, sempre respeitando as características de cada ator em tela. Às vezes temos de fazer alguma escolha para a tradução soar mais orgânica, facilitando a compreensão para o espectador brasileiro. para isso, contamos com uma equipe enorme, de tradutores, revisores, e dubladores”.

Foto por Priscila Visconti

Enquanto o presidente do fã-clube NovaFrota Brasil, Luiz Navarro, que falou da vinda do ator ao país e sobre os fãs se mobilizarem em trazê-lo para o Brasil.

Quem trouxe esses atores na verdade foram os fãs, que acreditam no trabalho do clube e viabilizam todo o processo, com sua boa vontade, divulgação, amor pela série e todo o apoio que dão para a gente. Nós realizamos os trâmites com nossos contatos em Hollywood, mas é um trabalho em conjunto com os trekkers brasileiros“, disse citando sobre os demais atores que vieram em convenções passadas ao Brasil – os três primeiros, George Takei, Walter Koenig, e Leonard Nimoy -, trazidos pelo o fã-clube, que na época chamava Frota Estelar Brasil, e no ano passado, já como NovaFrota, foi a vez de René Auberjonois.

Navarro ainda comparou a vinda de Jones com a vinda de Nimoy, em 1967; “A diferença desta StarCon para os eventos anteriores é que, pela primeira vez, temos aqui um ator que está atualmente trabalhando numa série de Jornada que está no ar. Isso é algo inédito no Brasil e por si só espetacular, é o equivalente a trazermos Leonard Nimoy a São Paulo durante o segundo ano da Série Clássica, em 1967″.

Foto por Priscila Visconti

E para fechar a mesa de convidados, o guitarrista Marcos Kleine disse sobre o show e as surpresas que a Banda PAD fará na StarCon 2019.

Não quero revelar as surpresas, mas posso adiantar que teremos um versão do tema de Discovery no rock, além de músicas da PAD e os temas clássicos de Jornada numa roupagem toda especial. Mais uma vez estamos empolgados pois faremos um show completo, com todos os integrantes da banda, num evento tão especial e para pessoas tão queridas, os fãs de Star Trek, grupo de que faço parte também“, comenta o músico.

Imagem de capa: Priscila Visconti

Fonte: O Barquinho Cultural

 

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