Carnaval é coisa para profissional. Por Jean Tavares Leite

Pâmella Gomes, rainha de bateria da Tom Maior, durante o desfile da escola de samba no sambódromo do Anhembi, em São Paulo - 02/03/2019 (Paulo Lopes/Futura Press/Folhapress)

Publicidade

Carnaval para todo lado. Carnaval de rua, carnaval nos clubes, carnaval na TV, carnaval no sambódromo. Carnaval é festa enorme, quatro dias (dizem que em certo Estado nordestino, dura muito, muito, muito mais que isso, cala te boca). Festa de prazeres, muita alegria, extravagâncias.

Será que o carnaval tem algo a nos ensinar sobre gestão e negócios?

Claro que tem, e muito. Basta fazermos, por exemplo, de forma simples e objetiva, uma analogia sobre as grandes escolas de samba do grupo A do Rio de Janeiro e a sua empresa, seja em que ramo de atividade ela atuar. Venha comigo nesse desfile de oportunidades.

Se você já assistiu aquilo tudo de perto, nem preciso relatar aqui a imponência de um desfile de escola de samba no Rio de Janeiro. Tudo é incrivelmente superlativo e de beleza única. Pela televisão você sequer tem a dimensão daquele que é o maior show a céu aberto em todo o mundo. Um festival de cores, de brilho, coreografias incríveis, figurinos e carros alegóricos gigantescos, três mil, quatro mil pessoas dentro do mesmo propósito. Nem preciso falar aqui da quantidade de negócios e dinheiro que isso gera.

Primeira analogia: Quando uma escola de samba começa a se preparar para entrar na avenida? Estamos falando de planejamento. Tolo é quem pensa que são algumas semanas ou meses. O trabalho, segundo as próprias diretorias, começa logo que acaba o desfile do ano anterior, ou seja, para desfilar durante oitenta minutinhos, uma escola leva um ano inteiro de muito trabalho.

Segunda analogia: Execução. Cada ala, cada carro, cada integrante tem o seu roteiro de execução, sua marcação, usando um termo próprio. Como em uma peça de teatro. Se sair daquela marca, a coisa desanda, “o samba atravessa a avenida”, e o espetáculo fica comprometido. Tudo é cronometrado, coordenado atentamente. E nem vou falar aqui do espetáculo a parte, as baterias.

Exatamente como em uma empresa, cada membro é responsável, em sua função, por fazer aquilo que é de sua competência. Nada menos que isso. Agora lhe pergunto, e quando não faz? Quantas empresas você conhece que o produto é bom, o planejamento foi muito bem montado, mas quando chega na hora da execução as coisas simplesmente não funcionam e a empresa não decola, ou pior, vai a falência.

Costumo dizer em sala de aula, gaste todo o tempo que for necessário para um bom planejamento estratégico, não queime jamais essa etapa, não se afobe nisso. Mas, ao terminar, não relaxe! Muito pelo contrário, fique ainda mais atento, porque a fase seguinte vai exigir rigor absoluto. A execução exata daquilo que foi traçado é fundamental para o sucesso de seu plano.

Para finalizar essa coluna especial de carnaval, a última analogia entre as escolas de samba e as empresas: As pessoas. Aqui o espetáculo é maravilhoso. Imagine a quantidade de gente envolvida. Cada pessoa, do mais humilde passista a celebridade de destaque em um carro alegórico, tem o seu papel, sua importância, sua tarefa a ser executada. E, agora o mais importante, cada um deve “entregar” envolvimento, paixão, dedicação integral durante aqueles velozes minutos na avenida.

Agora imagine em sua empresa. Mentalize. Setor financeiro, setor de RH, setor de vendas, vá imaginando, ala, digo, setor por setor. Há “entrega”? As tarefas estão bem coordenadas? O planejamento e a execução se interligam clara e organizadamente?

As pessoas são verdadeiramente convidadas a participar do “desfile” em sua empresa?

Se isso acontece, se realmente a analogia é perfeita entre uma escola de samba campeã e a sua empresa, então, abra aquele sorriso de carnaval, caia na folia e vibre muito com a Nota 10 que o mercado lhe dá.

Jean Tavares Leite é Psicólogo Organizacional e professor universitário.

jeantavares@bol.com.br

Crédito da Foto: Paulo Lopes/Futura Press/Folhapress

Sair da versão mobile