Crítica – Godzilla II: Rei dos Monstros

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O segredo para uma boa adaptação é ter um profundo respeito pelo material original. Mais importante do que simplesmente copiar, é preciso entender, mudar o que for preciso mudar – mas dentro do contexto – e soltar aquele “fan service” amigo de vez em quando. E o pessoal da Legendary Pictures responsável pelo MonsterVerse é muito fã de filmes de monstro.

O terceiro longa desse universo, Godzilla II: Rei dos Monstros, chega aos cinemas nesta quinta (30), mantendo a integridade da série, mas trazendo o combate entre esses titãs para um novo nível. As principais críticas a Godzilla (2014) diziam que o filme trazia pouco do protagonista-monstro (muito embora, mesmo nos filmes japoneses da Toho, que vem sendo feitos desde 1954, Gojira tem relativamente pouco tempo de tela). Kong: A Ilha da Caveira (2017) deu conta disso, fazendo do gorilão, e seus adversários, presenças constantes. Mas em Rei dos Monstros esse efeito é muito maior.

Pela primeira vez em uma versão hollwoodiana, Godzilla está acompanhado de três dos seus mais famosos parceiros kaiju: Rodan, Mothra e King Ghidorah. Essa escolha já mostra como os produtores conhecem o material original, já que essa é a mesma “formação” de Ghidrah, O Monstro Tricéfalo (1964), que é o quinto filme dos monstros da Toho, que também marca a estreia do Ghidorah nas telonas. Mais antigos, Rodan estreou em 1956, num filme próprio, bem como Mothra, em 1961. Pistas da presença do trio no filme novo já vinham sendo dadas nos filmes anteriores.

A equipe até corrigiu um erro do filme anterior. Bear McCreary, o compositor da trilha sonora, fez algumas reinterpretações da música criada por Akira Ifukube para os filmes originais. Então temos o marcante tema do Gojira japonês de volta, numa nova roupagem, para as cenas de ação e luta do personagem. O próprio rugido do Godzilla foi recriado para ficar mais parecido com o original, bem como os sons dos outros monstros.

O filme é dirigido por Michael Dougherty (Krampus – O Terror do Natal), depois que Gareth Edwards (Rogue One: Uma História Star Wars) recusou a sequência. De forma impressionante, a Warner Bros. continua conseguindo escalar bons elencos para esses filmes – que sustentam a narrativa quando nenhum dos monstros está em cena. Em Rei dos Monstros temos Vera Farmiga (Amor Sem Escalas e Invocação do Mal), Kyle Chandler (O Lobo de Wall Street), Bradley Whitford (Corra!), Thomas Middleditch (Silicon Valley), Charles Dance (Game of Thrones), O’Shea Jackson Jr. (Straight Outta Compton – A História do N.W.A.), Aisha Hinds (Além da Escuridão – Star Trek), Zhang Ziyi (Memórias de uma Gueixa) e a estreia de Millie Bobby Brown (Stranger Things) no cinema.

Retornam ainda de Godzilla (2014) Ken Watanabe (O Último Samurai), Sally Hawkins (A Forma da Água) e David Strathairn (Boa Noite e Boa Sorte). Falando nisso, se você tiver oportunidade, (re)veja o filme anterior antes de ver esse – vai te ajudar muito a entender parte do enredo, principalmente em relação à Monarch, instituição que pesquisa os monstros no universo do filme. Se tiver mais tempo ainda, (re)veja Kong: A Ilha da Caveira para pegar todas as referências e “easter eggs” distribuídos pela trama.

Falando em trama, que foi escrita pelo próprio diretor, em parceria com Zach Shields, ela dá sequência aos acontecimentos do filme anterior (lembrando que Kong se passa em 1973), com as consequências da revelação dos monstros ao mundo e a destruição de São Francisco, na batalha entre Godzilla e os Motu. A Monarch, que era uma organização semi secreta, agora controla e monitora outros 17 titãs ao redor do mundo – todos em algum estágio de hibernação ou contenção, com exceção ao Godzilla, que está ativo, mas quietinho, na dele. Porém, o mundo não é mais o mesmo, e um grupo de ecoterroristas acredita que os monstros são uma espécie de “cura” do planeta contra a ação dos humanos, e que devem ser libertados para limpar a Terra.

Pessoas que nunca viram nenhum Godzilla (ou só viram a versão americana de 1998) podem até achar que é só um filme de monstros gigantes caindo na porrada. Tem muito monstro gigante caindo na porrada e essas são algumas das melhores cenas, claro, mas precisamos de algo para preencher o tempo entre uma porradaria e outra, e é aí que alguns filmes podem falhar. Nesse sentido, um bom elenco ajuda (não muito em Godzilla, mas bastante em Kong), e aqui não foi diferente. A trama entre Vera, Kyle e Millie, embora seja central, talvez seja a parte mais fraca – muito mais pela motivação do que pela dinâmica em si. O núcleo dos cientistas, e sua busca pela razão de ser dos titãs são bem mais sólidas – e abrem muitas brechas para os próximos filmes.

Fonte: OP9 RN

Imagem: Warner Bros/Legendary Pictures

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