Crônicas da Velha Ribeira (56)

Temos – à exaustão – discutido, comentado, discordado, concordado, opinado e cometido outras redundâncias a respeito desta Velha Ribeira.

Atualmente, no velho bairro desenvolve-se uma gama de atividades de porte variável, dividindo-se, as menores, em formais e informais, estas talvez um pouco mais rendosas do que aquelas…O sorveteiro Augusto faz ponto na esquina do Banco do Brasil, há bastante tempo. Fizemos amizade quando eu ia ao banco, de bicicleta e pedia a ele para guardá-la enquanto me ocupava no que pretendia fazer lá. Ocorreu um fato pitoresco, quando comprei uma motocicleta para substituir a bicicleta: na primeira vez em que cheguei “motorizado” e pedi-lhe p´ra “dar uma olhada na moto”, Augusto me cumprimentou efusivamente por eu estar “subindo na vida”. Nem preciso falar do entusiasmo dele quando apareci por lá num Fusquinha.

Comumente, faz ponto aproveitando a sombra do enorme guarda sol colorido que protege a carrocinha de sorvete, o vendedor de relógios Manoel, com um fabuloso estoque de máquinas chinesas e seus mostradores extravagantemente coloridos, com pulseiras de “couro legítimo” e/ou de aço e que funcionam perfeitamente, sempre vendidos com preços à partir de dez reais…

No lado de cá, entre os edifícios do banco e da Receita Federal, pontifica Ronaldo com sua barraca de castanhas do Pará e castanhas de caju. Ele vende muito bem, porque seu estoque está sempre renovado e quando chega para trabalhar, vem numa camioneta seminova.

Augusto e Ronaldo trabalham “estabelecidos”, uma vez que trazem as respectivas carroças para pontos fixos, bastante conhecidos pela freguesia.

Mas, nas redondezas, outros empreendedores ganham a vida de maneira mais livre, muito mais informal e têm, como equipamento e instrumento de trabalho, apenas uma flanela, sendo que, para alguns clientes, eventualmente lavam carros. No trecho da Duque de Caxias entre a 15 de Novembro e a Esplanada Silva Jardim, trabalha no serviço de “guardar carros” a senhora que é “dona do pedaço”, porque os demais “pontos” da mesma avenida têm outros “administradores”.

E ela tem um “gerente”, que passa a mandar, nas suas ausências. Segundo consta, ela se retira mais cedo… Eu me dou bem com eles – com quem fiz amizade – e vez por outra até mesmo recebo uma “cortesia” especial, que é a dispensa do pagamento pelo uso do estacionamento.

O movimento de entra e sai de carros é grande e acredito que eles obtenham um bom faturamento.

No trecho da Hildebrando de Góis, compreendido entre a Esplanada Silva Jardim e a rua Olavo Bilac, onde ficam os Correios e a Cia Docas, tem um “dono do pedaço” muito brabo. Certa vez, partiu p´ra cima de mim com impropérios, porque não paguei pelos poucos minutos em que estacionei lá enquanto entrei nos Correios. E, aqui pelas adjacências do Teatro Alberto Maranhão, tem um cabra safado que usa o expediente de furar pneus de carros “não pagantes” com uma sovela muito fina. O resultado é que o pneu só vai murchar quando o motorista está longe.

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