Mais de mil tubarões e raias vivem enredados em resíduos plásticos, mostra estudo

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Centenas de tubarões e raias pelos oceanos do planeta estão enredados em resíduos plásticos, mostra uma nova pesquisa.

Cientistas da Universidade de Exeter, no Reino Unido, vasculharam estudos já existentes e postagens em redes sociais, como o Twitter, em busca de relatos de animais presos a objetos feitos de plástico. Encontraram mais de mil casos de animais nessas condições. E esse número provavelmente é ainda maior, segundo os pesquisadores, já que poucos estudos focam no problema específico de tubarões e raias presos a objetos feitos de plástico.

A pesquisa diz que esse enredamento — que envolve principalmente equipamentos de pesca perdidos ou descartados — é uma “ameaça muito menor” para tubarões e raias do que a pesca comercial, mas o sofrimento que causa é uma preocupação relevante para o bem-estar animal.

“Um exemplo do estudo é um  tubarão-mako com uma corda de pesca amarrada bem apertado em volta de seu corpo”, conta Kristian Parton, do Centro de Ecologia e Conservação da Universidade de Exeter. “O tubarão claramente continuou crescendo depois de ficar preso, então a corda — que estava coberta de cracas — cavou a pele e danificou sua espinha”.

“Embora não consideremos que o enredamento seja uma grande ameaça para o futuro dos tubarões e das raias, é importante entender a variedade de ameaças enfrentadas por essas espécies, que estão entre as mais ameaçadas dos oceanos”, explica o pesquisador. “Além disso, há um problema real de bem-estar animal, porque os enredamentos podem causar dor, sofrimento e até a morte.”

Brendan Godley, coautor do estudo e professor da mesma faculdade, complementa: “Devido às ameaças de pesca excessiva direta de tubarões e raias, e da ‘captura acidental’ (pesca não intencional durante a pesca de outras espécies), a questão do enredamento talvez tenha passado um pouco despercebida”.

“Estamos começando a mudar isso. Nosso estudo foi o primeiro a usar o Twitter para coletar dados, e os provenientes da mídia social revelaram complicações de espécies — e de lugares — não registradas anteriormente nos trabalhos acadêmicos”.

A revisão de artigos acadêmicos encontrou relatos de 557 tubarões e raias enredados em plástico, abrangendo 34 espécies em vários oceanos, incluindo o Atlântico, o Pacífico e o Índico. Quase 60% desses animais eram cações de menor porte e peixes conhecidos como “quimera”.

No Twitter, os pesquisadores encontraram 74 relatos de entrelaçamento envolvendo 559 tubarões e raias de 26 espécies, incluindo tubarões-baleia, tubarões-branco, tubarões-tigre e tubarões-frade.

Ambas as fontes de dados sugeriram que as ferramentas de pesca “fantasmas” (redes, linhas e outros equipamentos perdidos ou abandonados) são, de longe, os objetos de plástico mais comuns a se prender nos animais. Outros itens incluíam bandas de amarração usadas em embalagens, sacos de polietileno e pneus de borracha.

O estudo também identificou alguns fatores que parecem colocar certas espécies em maiores riscos.

O hábitaté um deles, já que tubarões e raias em mar aberto parecem mais propensos a ficar enredados, assim como aqueles que vivem no fundo do mar, onde materiais como redes carregadas de peixes mortos afundam e atraem predadores, que por sua vez ficam presos. Outro fator é a migração: espécies que cobrem longas distâncias correm maior risco de encontrar resíduos plásticos.

O formato do corpo também influencia — tubarões parecem estar em maior risco do que as raias. Espécies com características incomuns, como arraias manta, tubarões-frade e peixe-serra , também correm mais riscos.

O estudo evidencia que mais pesquisas são necessárias, e os pesquisadores colaboraram com a Shark Trust para criar um formulário de relatório on-line para coletar dados sobre esses casos.

 

Fonte: Revista Scientific American

Imagem: Daniel Cartamil

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