A brasileira Adriana Melo vence o Prêmio Eisner 2019 com grande êxito em sua obra

No último final de semana aconteceu a San Diego Comic-Con  onde foi anunciado os vencedores do Prêmio Eisner de quadrinhos, que é o Oscar dos quadrinhos mundiais, e neste ano o destaque ficou para a quadrinista brasileira Adriana Melo e o escritor Tom King.

Na qual King venceu em quatro categorias, incluindo melhor escritor por seus trabalhos no ano passado que incluem Batman, Senhor Milagre, Heroes in Crisis e Swamp Thing Winter Special. Por falar em Senhor Milagre, material já publicado no Brasil em dois volumes pela Panini Comics, ganhou também como Melhor série Limitada e seu artista, Mitch Gerads, levou como Melhor Desenhista/Arte-Finalista.

puerto-rico-strong-capaAlém de outro trabalho vencedor que já estreou por aqui foi Peter Parker: The Spectacular Spider-Man # 310, publicado pela Panini em Peter Parker Especial – Homem-Aranha #2. Dias Gigantes, que saiu no Brasil pela Devir, ganhou dois troféus e também a antologia Puerto Rico Strong contou com a participação da desenhista brasileira Adriana Melo. O livro que contou com a arte da brasileira e foi eleito a melhor antologia do ano pela premiação.

Adriana Melo tem 43 anos e já teve participações em diversas obras como Star Wars: Empire series, a quadrinista começou sua carreira ilustrando metade de uma história do Homem de Ferro aos 18 anos, na DC Comics Adriana já trabalhou com a Gail Simone em Rose & Thorn e foi capista da revista Aves de Rapina. Durante o seu período na série Witchblade, da Top Cow, fez um crossover com o personagem Justiceiro, da Marvel Comics, tornando-se a primeira mulher a desenhar o personagem. Ela foi também desenhista de Ms Marvel.

O livro “Porto Rico”, vencedor do Prêmio Eisner 2019, ainda não foi lançado aqui no Brasil e tampouco tem previsão de lançamento e a história foi publicada com o objetivo de levantar fundos para auxiliar as vítimas do furacão Maria, que atingiu Porto Rico em 2017. Uma toda ilustrada pela Adriana Melo e roteirizada por Jeff Gomez, que conta a história de uma menino de 12 anos, filho de porto-riquenhos e morador dos EUA, durante suas férias de verão na terra de origem dos pais. Lá, ele entra pela primeira vez, numa loja de HQs, e encontra, de certa forma, a própria vocação. Puerto Rico strong foi aditado por Marco Lopez, Desiree Rodriguez, Hazel Newlevant, Derek Ruiz e Neil Schwartz.

Apesar de ser a primeira mulher brasileira a receber o Prêmio Eisner, o prêmio já passou pelas mãos de outros brasileiros como Fábio Moon, Gabriel Bá e Marcelo D’Salete e teve como destaque deste ano o quadrinista americano Tom King que venceu em quatro categorias. A ideia dessa antologia é contar um pouco do que os moradores vivem com a tragédia de Porto Rico, através de memórias afetivas, trazendo à todos um pouco do drama de cada um e desde quando Porto Rico strong foi anunciado na premiação, ele já vêm recebendo um carinho muito grande.

Adriana é uma pessoa bastante rígida com seu trabalho e se dedica mais de dez horas aos seus traços de personagens e séries como “Fúrias femininas”, “Homem-borracha”, “Arlequina” e “Hera venenosa”, mas ela não reclama com isso, apenas tenta ser disciplinada para conseguir manter o trabalho. Semanalmente ela envia em média oito páginas para a sede da DC Comics na Califórnia, nos Estados Unidos, a diferença entre São Paulo e a Califórnia são quatro horas de fuso, então às 23 horas ela já está com o celular nas mãos para responder determinadas demandas, realmente é uma correria sem igual, mas que Adriana leva numa boa e com muita diversão; “Virei a tia que dificilmente vai aos aniversários de família, a prima que sempre fura os eventos (risos)…”, comenta a artista.

Essa é a primeira vez que a artista vê uma produção própria ser indicada a um prêmio. A artista é vinculada a DC Comics, sendo responsável por franquias como “Batman”, “Superman” e “Mulher Maravilha”, por isso rotina é bem rígida em seu ambiente de trabalho, onde ela mora com seu pai e sua filha.

Desde a infância Adriana já demostrava seu talento com o desenho, apesar de nunca ter feito curso para se especializar, a artista sempre buscar se especializar muito na área e através dos amigos e os colegas, que sempre ajudaram bastante, ela trilhou seu caminho no universo dos quadrinhos. Há 15 anos ela trabalha para o mercado norte-americano, em que ela faz parte de uma das maiores agências com grandes nomes dos quadrinhos nacional e internacional a Chiaroscuro Studios, em que junto com a Adriana há outros 50 brasileiros que possuem contratos com diversas editoras internacionais como DC e Marvel.

Mas sobre o Prêmio Eisner, a quadrinista se diz animada e realizada com isso, sendo um sonho realizado.

É muito duro e puxado, mas eu trabalho em algo que sempre desejei desde muito nova. Sempre fico cansada, mas quando respiro e olho pra trás, tenho a sensação de que o coração está quente, sabe?”; Diz Adriana sobre sua rotina.

Além da Adriana outros grandes quadrinistas mundiais também ganharam o The Will Eisner Comic Industry Awards, que foi criado em 1988 na própria Comic-Con de San Diego para homenagear a indústria dos quadrinhos e com os vencedores recebendo seus prêmios sempre com a presença do artista Jack Kirby. Que por sua vez Olbrich fundou o “Will Eisner Comic Industry Awards”.

A primeira edição do prêmio foi realizada, no mesmo modelo até hoje adotado: Um grupo de cinco membros reúne-se, discute os trabalhos realizados no ano anterior, e estabelece as cinco indicações para cada uma das categorias, que são então votadas por determinado número de profissionais dos quadrinhos e os ganhadores são anunciados durante a edição daquele ano da Comic-Con International, uma convenção de quadrinhos realizada em San Diego, Califórnia.

Mas a cerimônia do Eisner Award se popularizou mesmo a partir de 1991 na San Diego Comic-Con depois que Jackie Estrada começou a organizar a cerimônia, porém foi só em 2006 que os arquivos dos Prêmios Eisner foram guardados na Biblioteca James Branch Cabell da Virginia Commonwealth University em Richmond, VA. Coom essa explicação curta sobre Prêmio Eisner, ficamos com os melhores do ano do Prêmio Eisner 2019.

Vencedores do Prêmio Eisner 2019

Melhor história curta
The Talk of the Saints por Tom King e Jason Fabok, em Swamp Thing Winter Special (DC Comics)

Melhor história em edição única
Peter Parker: The Spectacular Spider-Man #310, de Chip Zdarsky (Marvel)

Melhor série
Dias Gigantes, de John Allison, Max Sarin, e Julaa Madrigal (BOOM! Box)

Melhor minissérie
Senhor Milagre, de Tom King e Mitch Gerads (DC Comics)

Melhor série estreante
Gideon Falls, de Jeff Lemire e Andrea Sorrentino (Image)

Melhor publicação infantil (até 8 anos)
Johnny Boo and the Ice Cream Computer, de James Kochalka (Top Shelf/IDW)

Melhor publicação infantil (de 9 a 12 anos)
The Divided Earth, de Faith Erin Hicks (First Second)

Melhor publicação juvenil (de 13 a 17 anos)
The Prince and the Dressmaker, de Jen Wang (First Second)

Melhor publicação de humor
Dias Gigantes, de John Allison, Max Sarin, e Julia Madrigal (BOOM! Box)

Melhor antologia
Puerto Rico Strong, editado por Marco Lopez, Desiree Rodriguez, Hazel Newlevant, Derek Ruiz, e Neil Schwartz (Lion Forge)

Melhor não-ficção
Is This Guy For Real? The Unbelievable Andy Kaufman, de Box Brown (First Second)

Melhor álbum gráfico (inédito)
My Heroes Have Always Been Junkies, de Ed Brubaker e Sean Phillips (Image)

Melhor álbum gráfico (republicação)
Visão, de Tom King, Gabriel Hernandez Walta, e Michael Walsh (Marvel)

Melhor adaptação de outra mídia
Frankenstein de Mary Shelley, em Frankenstein: Junji Ito Story Collection, adaptado por Junji Ito (VIZ Media)

Melhor edição americana de material estrangeiro
Brazen: Rebel Ladies Who Rocked the World, de Pénélope Bagieu (First Second)

Melhor edição americana de material estrangeiro (asiático)
Tokyo Tarareba Girls, de Akiko Higashimura (Kodansha)

Melhor coleção de arquivos (tiras)
Star Wars: Classic Newspaper Strips, vol. 3, de Archie Goodwin e Al Williamson, editado por Dean Mullaney (Library of American Comics/IDW)

Melhor coleção de arquivo (quadrinhos)
Bill Sienkiewicz’s Mutants and Moon Knights… And Assassins… Artifact Edition, editado por Scott Dunbier (IDW)

Melhor roteirista
Tom King por Batman, Senhor Milagre, Heroes in Crisis e Swamp Thing Winter Special (DC Comics)

Melhor roteirista/desenhista
Jen Wang por The Prince and the Dressmaker (First Second)

Melhor arte-final ou time de arte-finalistas
Mitch Gerads por Senhor Milagre (DC Comics)

Melhor desenhista/artista multimídia (páginas internas)
Dustin Nguyen por Descender (Image)

Melhor capista
Jen Bartel por Blackbird (Image); Submerged (Vault)

Melhor colorista
Matt Wilson por Black Cloud, Paper Girls, The Wicked + The Divine (Image); O Poderoso Thor, Fugitivos (Marvel)

Melhor letrista
Todd Klein por Black Hammer: Age of Doom e Neil Gaiman’s A Study in Emerald (Dark Horse); Batman: Cavaleiro Branco (DC Comics); Eternity Girl e Livros da Magia (Vertigo/DC Comics); The League of Extraordinary Gentlemen: The Tempest (Top Shelf/IDW)

Melhor quadrinho relacionado a jornalismo
Back Issue editado por Michael Eury (TwoMorrows)

Melhor livro sobre quadrinhos
Drawn to Purpose: American Women Illustrators and Cartoonists, de Martha H. Kennedy (University Press of Mississippi)

Melhor trabalho acadêmico
Sweet Little C*nt: The Graphic Work of Julie Doucet, de Anne Elizabeth Moore (Uncivilized Books)

Melhor design de publicação
Will Eisner’s A Contract with God: Curator’s Collection, design de John Lind (Kitchen Sink/Dark Horse)

Melhor quadrinho digital
Umami, by Ken Niimura (Panel Syndicate)

Melhor webcomic
The Contradictions, de Sophie Yanow

Fonte: O Barquinho Cultural

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