Inovar ou Encolher – Por Jean Tavares Leite

O momento é de inovar - Foto: Reprodução/Profap

Tempos turbulentos crédito difícil, baixo poder de compra por parte dos clientes, recessão na porta, um cenário nada animador para empreendedores, mas, me diga, chorar pitangas resolve? 

O momento é de inovar. Explico, não há muita verba para expansão, porém, se você cortar custos isso vai aparecer na qualidade de seu produto ou serviço.  

Aqui vale lembrar aquela velha história do seu João que criou três filhos com muita garra e alegria, vendendo cachorro quente, (ou hot-dog se você quiser ser “gourmet”) na porta de uma faculdade. Salsichas saborosas, pão incrivelmente macio, molhos deliciosos e uma vasta clientela de universitários que adoravam o sanduíche e a energia do seu João, sempre bem-humorado, com uma piada na ponta da língua e uma mensagem positiva a todos. 

Até o dia em que um de seus filhos, formado em economia com doutorado e tudo chegou para o pai e disse: “O senhor não está lendo os jornais”? Vivemos uma crise brutal, empresas fechando, dinheiro sumindo. O senhor só compra produtos de primeira, isso é completamente errado. “Corte custos, diminua as porções”. E continuou no clima alarmante de falência eminente.  

O pai, semianalfabeto, ponderou todo aquele conhecimento técnico do filho, doutor em economia e resolveu seguir seus conselhos. Logo mudou o tipo de pão para um mais barato e de menor qualidade, a salsicha também foi substituída por uma de terceira qualidade. E, claro, com as preocupações na cabeça, o seu João passou a conversar só sobre crise com a alunada que chegava para comprar seus cachorros quentes.  

O clima, antes alegre, brincalhão, passou a ficar pesado e, claro, as pessoas foram se afastando e afastando. Quem danado gosta de matar a fome ouvindo tragédia e agouro de dias piores. A qualidade do sanduba também foi sentida e quando a turma reclamava, ele só balançava a cabeça e dizia: “É a crise, é a tal da crise” 

Você pode imaginar o final dessa história, não pode? Seu João, anos de barraquinha, faliu. Mas, imagine, faliu com orgulho no peito, dizendo a todo mundo: Meu filho tinha razão, é a crise! 

Infelizmente tem muitos empresários, muitos empreendedores agindo da mesma forma que seu João, peito estufado, gritando aos quatro cantos. “É A CRISE” e a cada corte de custos, a cada diminuição na qualidade do que oferecem aos seus clientes, mais se aproximam da falência. Caminharão para “comemorar” junto com seu João o encolhimento de seus negócios. 

Esse é um grande momento para usar as células cinzentas, para colocar a cabeça para pensar: Onde posso inovar? Onde posso surpreender o meu cliente. Veja, e estou gritando aqui, administrar um negócio em tempos de “vacas gordas” é moleza, qualquer zé ruela consegue. 

O grande empreendedor surge na crise, na dificuldade, no sumiço do cliente. Aqui está a diferença entre um grande gestor e um “guardador de papeis” um burocrata, comum e tem aos montes formados por inúmeras faculdades nesse Brasil, em cada esquina 

Não pense que há formas padronizadas aqui, eu não escrevo alto ajuda muito pelo contrário, vai de retro, cada cenário, cada empresa tem seu modelo a seguir, equipes diferentes, alvos diferentes. Desafios, precisamos amar essa palavra, arregaçar as mangas e partir para a ação, sabendo que não haverá tempo para descanso ou erros bobos. Precisamos de raciocínio aguçado e, atentem para isso, co-ra-gem! 

Fazer uma limonada com meio limão, ter ideias surpreendentes e coloca-las em prática, atrair novos nichos de mercado, estar à frente da concorrência com produtos inimagináveis, é esse o momento certo! 

Jean Tavares Leite é Psicólogo Organizacional e professor universitário.  

jeantavares@bol.com.br 

Crédito da Foto: Reprodução/Profap

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