Os zumbis da polarização

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Acompanho o twitter todos os dias, abrindo-o em vários momentos e me informando pela imprensa tradicional e pela oficiosa e, logicamente, usando minha cachola para entender o que é realidade, o que é fake e o que é fake, mas é divertido.

Tem algo que não deveria me espantar, mas me espanta, mesmo que eu tenha cantado a bola durante o período de campanha das eleições 2018. A polarização política tem transformado muita gente em zumbi. Sei que vivemos uma fase de início de reorganização política e econômica, diria até que seria uma inversão dos polos magnéticos políticos do Brasil. Momento de uma demanda reprimida de brasileiros da “direita”, que depois de 30 anos sendo governados pela esquerda, por uma tentativa de engenharia social, de um teste de social democracia terceiromundista que transformou o paupérrimo Brasil, num país tão paupérrimo quanto antes, porém menos educado e mais longe de uma redenção.

Sei que existe uma guerra ideológica a ser combatida, mas a pergunta que fica é: para “vencer” esta, vale ser idêntico aquilo que você quer derrotar? Vale passar por cima de princípios e valores, da ética e da moral liberal e conservadora que sempre foram desprezados pelos ditos adversários?

Vejo alguns autoproclamados conservadores (mas sei que em sua enorme maioria não fazem a menor ideia do significado disto) exigindo cabeças de humoristas (sério, exigem que humoristas não sejam humoristas), jornalistas, youtubers e formadores de opinião que teriam cometido o mortal e imperdoável crime de ter “traído” seu mito. Traído? Como assim?

Amiguinhos, em primeiro lugar, quem deve lealdade não é o povo, não são seus apoiadores ou o eleitor, mas sim o eleito. Aquele que prometeu e convenceu seus eleitores e apoiadores com seu discurso e uma agenda que cabia nos desejos dos votantes. Cabe a cada um, em sua total e completa isolada individualidade, decidir seu apoio a quem quer que seja, criticar e exigir do eleito que cumpra suas promessas. Ao eleito cabe não sair uma única vez sequer da linha de seu discurso, de cumprir com aquilo que firmou em contrato com cada eleitor seu no dia de sua votação.

“Eu achava que a política era a segunda profissão mais antiga. Hoje vejo que ela se parece muito com a primeira”.

(Ronald Reagan)

Em segundo lugar, se você é conservador ou liberal, simplesmente deixe de se pendurar no saco de político, principalmente se este estiver em cargo, mais ainda se for governo e mesmo que seja um governo que você ajudou a eleger, pois conservadores e liberais têm em seu DNA histórico a desconfiança e a descrença naqueles que detém o poder.

Não estou dizendo que seja contra o governo, que seja oposição, mas sim que tenha noção de seu papel como conservador e como liberal, de se basear no seu conhecimento, nas suas experiências de vida e principalmente em seu caráter para apoiar ou criticar alguma ação desse governo, para fiscalizar.

Achei interessante abordar isto por aqui, pois é deprimente vermos tanta gente fazendo malabarismos éticos e morais para referendar discursos e ações estapafúrdias de todo tipo de político. Eu não acredito que seja bajulando senhores do poder que consigamos nossos objetivos, pior ainda, a história nos mostra que é desse jeito, com puxa sacos arriando suas calças para tudo, que nascem os ditadores.

Mises, um defensor ferrenho das liberdades individuais, da escola liberal austríaca, dizia que somente as ideias iluminam as trevas e seu seguidor, Murray Rothbard, um libertário mais que convicto, chamado de o Cavaleiro da Liberdade, pregava que esta vem com conhecimento, não com truculência. Se estes mestres em liberdade dizem isto, quem sou eu para contrariá-los.

Eduardo Passaia

Consultor de empresa na área de tecnologia, turismólogo e liberal.

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