Sonic: a história do mascote da Sega

Mas você sabe como surgiu o Ouriço Azul da Sega? Como ele se tornou uma febre nos anos 90 e quase cai no ostracismo no ano de 2006? Saberemos de tudo isso e um pouco mais nesse texto. Com vocês a história de Sonic, o ouriço mais rápido do mundo!

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A origem

A história do Sonic começa ainda no final da década de 1980, em pleno auge da guerra dos consoles, quando a Sega e a Nintendo disputavam acirradamente a disputa pelo mercado de consoles caseiros.

A Sega ainda estava atrás na guerra dos consoles e precisava ganhar mais espaço no mercado, foi então que em 1988 a empresa lançou o poderoso Mega Drive, entrando primeiro que a sua concorrente na quarta geração de consoles. Alex Kidd era ainda o mascote oficial da empresa, mas ele não chegou nem a fazer medo ao Super Mário, mascote da rival Nintendo. Com alguns excelentes jogos como Alex kidd in Miracle World e Alex Kidd in Shinobi World do Master System, mas o Mario era o preferido dos jogadores da época.

Porém, em 1991, a Sega iniciou um projeto que testasse toda a velocidade dos processadores do Mega Drive. A essa altura a Nintendo já havia entrado na 4ª geração com o poderosíssimo Super Nintendo e se gabava do poderio do Mode 7. Para provar que o processamento do Mega era muito mais rápido que o do Snes, a Sega criou um jogo onde o personagem foi super veloz, capaz de explorar todo o limite dos processadores do Mega Drive, a partir daí nascia Sonic: the Hedgehog.

O objetivo era simples, criar um novo mascote e mostrar todo o poderio dos processadores de seu console. O sucesso de Sonic foi imediato e avassalador, chegou a bater de frente com a rival Nintendo. Com isso, a Sega conseguiu matar dois coelhos numa só cajadada, provou a força e o poder que o seu console tinha e ainda criou um mascote que pudesse ofuscar a hegemonia da Nintendo e do Super Mario.

Os jogos

A história do jogo é bastante simples! O herói Sonic vivia tranquilamente em seu mundo, até chegar um terrível vilão (Dr. Robotinik), munido com uma avançada tecnologia, e começa a destruir todo o mundo com suas máquinas, inclusive capturando todos os animais, transformando-os em androides do mal. A partir daí Sonic entra em cena para salvar seu mundo.

Esta foi a premissa do primeiro jogo do Sonic no Mega Drive, mas com o sucesso do primeiro game, foi natural a franquia evoluir com histórias mais elaboradas e aparição de novos personagens.

E no Sonic 2 isso acontece. Além do Sonic ganhar uma nova habilidade – o Spin Dash – ele também ganha um companheiro de aventuras, o seu melhor amigo Miles ”Tails” Prower. Além da história dá uma ênfase nas Esmeraldas do Caos.

E Sonic 3 é uma sequência direta do seu antecessor, onde Sonic e Tails perseguem o Dr. Robotinik até a ilha flutuante de Angel Island para recuperar as Esmeraldas do Caos. É nesse jogo que aparece, pela primeira vez, o Knuckles The Echidna. Encerrando assim a trilogia do ouriço azul no Mega Drive.

Porém, outros jogos, com pegada diferente foram lançados para o 16 bits da Sega, isso aproveitando o sucesso do ouriço. Sonic 3D Blast foi um destaque. Usando uma visão isométrica, o jogo dava a impressão de um falso 3D. Além deste, também teve o Dr. Robotinik’s Mean Machine, feito na cara dura para competir com Dr. Mario, e uma das primeiras DLCs feitas na história, o Sonic & Knucles. Este era um cartucho a parte que, na sua parte superior, havia outro slot de entrada. Ele sozinho era um jogo maravilhoso, onde você poderia escolher se jogava com o Sonic ou o Knuckles. Mas se você conectasse o Sonic 3 no Slot superior, ele te dava a opção de jogar o Sonic 3 com o Knuckles. Ideia sensacional na época, pois, além de fazer um novo jogo pra série, a Sega ainda deu uma nova vida a um jogo já lançado.

Já, nos outros consoles da Sega, Sonic teve excelentes jogos. Versões muito bem feitas para o Master System e  Game Gear, as quais se destacam Sonic: the Hedgehog, Sonic 2 e Sonic Chaos. Foram muito mais que simples ports, mas sim, jogos novos, feitos do zero, com design de fase diferentes e muito bem elaborados, os quais abusaram da capacidade deste consoles – que eram bem inferiores ao Mega Drive – porém ficaram tão divertidos quanto os das versões de 16 bits. Também no Game Gear foi lançado o Sonic Drift, jogo de corrida estilo Mario Kart. Mais tarde a Tectoy fez um port bem fiel do jogo para o Master System.

Já para o Sega CD (ou Mega CD no Japão) foi lançado o belíssimo Sonic CD, que aproveitava bem a nova mídia (CD Rom), inovando numa abertura cartunesca, trilha sonora alucinante e belos efeitos de loopings nas fases iniciais. Outro add on do Mega Drive que recebeu um jogo muito bom foi o Sega 32X. O Knuckles Super Chaotix está mais para um spin off da série, já que o Sonic não participa do jogo e o protagonista é o próprio Knuckles, onde ele deve se unir aos chaotix Espio, Vector e Charmy para derrotar o Eggman (Dr. Robotinik). Mighty The Armadillo faz sua última aparição até o  Sonic Mania Plus anos mais tarde. Este foi o jogo mais bem sucedido do 32X.

Chegou a 5ª geração de consoles e a Sega dorme no ponto com o seu mascote. Mesmo lançando um console poderoso como o Sega Saturn, principalmente nos jogo 2D, a empresa não olhou muito para o seu símbolo maior, lançando apenas 3 títulos para o console: Sonic 3D Blast, com gráficos isométricos iguais aos da versão do Mega Drive; Sonic Jam, que era apenas uma coletânea da trilogia clássica do ouriço com alguns bônus especiais – dentre eles um mundo em 3D apenas para explorar a área, com alguns bônus; e Sonic R, um divertidíssimo jogo de corrida bem diferente dos tradicionais.

Em Sonic R você deve escolher entre o Sonic, Tails, Knuckles e Amy, onde deverão disputar corridas contra o Eggman. Neste jogo, apenas a Amy e o Robotinik usam veículos, os outro personagens fazem uso de suas habilidades velocistas para vencer cada corrida. Com uma jogabilidade diferente, um controle que lembra muito os futuros Sonic Adventure, o game pode parecer confuso no início, mas depois que você se acostuma com os controles e decora as pista, fica divertidíssimo, além de ter gráficos belíssimos.

A 6ª geração foi a despedida da Sega na fabricação de consoles. O Dreamcast saiu na frente na geração 128 bits, foi lançado ainda no final da década de 1990, e tinha um poder impressionante para época. Nele foi dado início a uma das melhores séries de jogos do Sonic, o Sonic Adventure.

Lançado em 1999, este jogo é uma sequência do Sonic & Knuckles e se passa anos depois da dupla ter derrotado Eggman na Death Island. Quando uma nova ameaça aparece na cidade de Station Square; uma besta que se alimenta das Esmeraldas do Caos. Ao saber da ameaça, Dr. Robotinik vai atrás das Esmeraldas para se unir ao monstro e destruir a cidade. Tudo isso para, em suas ruínas, construir a Robotinikland.

Pela primeira vez o jogo coloca Sonic num ambiente 3D. Além de lindos gráficos, uma história mais densa envolvendo toda a mitologia das Esmeraldas do Caos e seu passado, o game tem uma jogabilidade incrível. Toda a velocidade, os loopings, o desafio, dos jogos clássicos do mega drive, estão presentes nessa nova série. Foi extraordinário como a Sonic Team conseguiu transferir todo o espírito do jogo 2D para o formato 3D. Além disso, graças ao VMU do Dreamcast, Sonic Adventure trazia alguns mini games para jogar. Salvando os vários Chaos que aparecem no jogo, você poderia jogar com eles no VMU, como se fossem bichinhos virtuais, e isso interferia no jogo principal, pois toda vez que você brincava com os Chaos, os levava para passear, os tornava mais fortes, podendo ser de grande ajuda dentro da história principal.

Sonic Adventure 2. Uma cena do filme do Sonic faz clara alusão a esta parte do jogo

Sonic Adventure ainda teve uma excelente continuação no Dreamcast, o Sonic Adventure 2, que foi lançado em 2001, já próximo ao fim da vida do 128 da Sega, o game conta com uma história bem mais complexa, envolvendo o governo e uma super arma criada pelo Dr. Gerald Robotinik (avô do Eggman), o jogo se torna ainda mais frenético que o primeiro, sendo considerado por muitos como o melhor jogo da série.

Tanto Sonic Adventure 1 como o 2 tiveram versões para outros consoles depois do final de vida do Dreamcast e o abandono da Sega na guerra dos consoles. O primeiro Adventure teve uma Director’s Cut lançada para Game Cube com alguns extras, e o Adventure 2 foi lançado ainda em 2001, também no Game Cube. Após a Sega deixar de fazer consoles, a primeira casa a abrigar seus jogos foi sua maior rival, a Nintendo.

Após isso a Sonic Team continuou na ativa produzindo mais jogos do Ouriço Azul para os outros consoles, porém nenhum chegou a fazer sucesso como foram na fase clássica da Sega.

Outras mídias

Com o sucesso estrondoso no início dos anos 90, não demorou muito para que o Sonic tivesse sua própria série. Foi então que, em 1993, foi lançada a série The Adventures of Sonic The Hedgehog, produzido pela DiC Entertainment L.P.. Era uma animação bem infantil, situada no planeta Mobius. Sonic contava com a ajudo do seu eterno parceiro, Miles “Tails” Prower, para deter os terríveis planos do Dr. Ivo Robtink. A série contou com 65 episódios e no Brasil foram exibidos apenas 22 pela Rede Globo

No mesmo ano (1993) foi produzida a série Sonic the Hedgehog, também pela DiC Entertainment L.P., mais conhecida como Sonic Saturday AM ou Sonic SatAM. Nela Sonic se junta a um grupo rebelde, liderado pela Princesa Sally, conhecido como Lutadores da Liberdade e tinham o objetivo de impedir que o terrível Dr. Robotnik dominasse a cidade de Mobotrópolis com seus robôs.

Embora tenha feito bastante sucesso, a série contou com somente 26 episódios, mesmo assim ainda rendeu uma saga em quadrinhos produzida pela Editora Archie. No Brasil a animação foi exibida pelo SBT.

Na virada do século XX a DiC Entertainment L.P., em parceria com a Les Studios Tex e TF1, ainda produziria a animação Sonic Underground a qual Sonic e seus irmãos, Sônia e Manic, ao lado de Knuckles e outros personagens, lutavam novamente contra o Dr. Robotnik e seus capangas, Sleet e Dingo. A série teve 40 episódios e foi exibida no Brasil pelo SBT e pelo Disney Channel.

Agora, já no século XXI, Sonic ganha um anime em 2003 chamado de Sonic X. Com um enredo inspirado na série Sonic Adventure do Dreamcast, Sonic e seus amigos (Tails, Knuckles, Amy Rose, Shadow the Hedgehog) são transportados de seu planeta para a Terra após uma luta contra o Dr. Robotnik.

O anime teve 78 episódios e foi exibido no Brasil pela Fox Kids (Jetix) e pela Rede Globo. A série ainda está disponível no streaming através da Amazon Prime Video e Netflix.

Em 2017 foi lançada a animação em 3D Sonic Boom, produzida pela OuiDo! Productions. Esta série é mais focada na comédia, contando com um humor refinado e divertido. Ela conta a história de Sonic, Tails, Knuckles, Amy e a nova personagem Sticks the Badger, após suas aventuras nos jogos da saga Sonic Boom. São 104 episódios com cerca de 10 minutos, cada, e atualmente a série é exibida pela Netflix.

O ouriço mais rápido do mundo também ganhou alguns filmes antes do live action, todos em animação. Deles podemos destacar: Sonic Christmas e Sonic the Hedgehog: The Movie, ambos de 1996; a animação em 3D Sonic: Night of the Werehog de 2008; Sonic Mania Adventures de 2018; Team Sonic Racing Overdrive de 2019 e Chao in Space, também de 2019.

Um grande erro

Os jogos do Sonic sempre foram muito bem recebidos e com uma vendagem boa. A Sega soube inovar com o Sonic Adventure e fez uma continuação melhor ainda com o Sonic Adventure 2, porém as coisas desandaram com o infame Sonic 2006 (Sonic the Hedgehog).

O jogo começa já errando no enredo. Nele Sonic acaba fazendo papel de “príncipe encantado” (plot mais que usado em franquias de games e filmes) e tem o objetivo de resgatar a Princesa Elise que é raptada pelo Eggman. Não fosse apenas pelo roteiro clichê, a equipe ainda resolvem criar um romance entre o nosso ouriço azul e a Princesa que, sim, é uma humana. A cena do beijo entre os dois (quando a princesa revive o Sonic) foi a que mais espantou os fãs do ouriço e causou muitos protesto. Alguns acusaram o jogo de promover zoofilia.

Fora o roteiro piegas e cheio de clichê o jogo ainda pecou pela sua jogabilidade ruim e um pacote grande de bugs. Isso trouxe uma péssima recepção e o encheu de críticas negativas. A partir daí, Sonic não mais emplacou um jogo com a mesma qualidade e sucesso de seus antecessores.

Sonic e Mario: uma parceria que deu certo

Por muitos anos a Sega e a Nintendo foram grandes rivais, protagonizaram uma das maiores batalhas mercadológicas da história – a Guerra dos Consoles, que durou da segunda metade dos anos 80 até o início dos anos 2000 – e, agora, os dois juntam forças e firmam uma das maiores parcerias no mundo dos games.

A parceria começou tímida, primeiro com a Sega liberando jogos do Sonic para o Game Cube e juntando uma equipe para fazer um jogo exclusivo para o “cubo” da nintendo, o F-Zero GX. Mas em 2007 essa parceria ganha força, Sega e Nintendo dão as mãos e lançam o Mario & Sonic at the Olympic Games, exclusivo para Nintendo Wii e DS. Pela primeira vez na história os dois maiores mascotes dos videogames iriam protagonizar um game. O jogo faz referência às olimpíadas de Pequim de 2008. Logo depois Sonic aparece em outras franquias da Nintendo como o excelente Super Smash Bros Brawl para o Nintendo Wii.

A partir daí a parceria entre as duas empresas só cresceu, jogos exclusivos do Sonic foram lançados para os consoles da Nintendo e até a imagem do ouriço azul melhorou com jogos bem produzidos. De grandes rivais Sonic e Mario viraram grandes parceiros, é uma parceria que só faz engrandecer o mundo dos games é nós, fãs dos jogos, só agradecemos por isso!

Sonic o filme

O histórico de filmes baseado em videogames nunca foi bom. Começando com o sofrível Super Mario Bros: o filme, de 1993. Era um grande elenco (Bob Hoskins, John Leguizamo e Dennis Hooper), mas nada funcionou. O Roteiro era uma bagunça, personagens mau caracterizados e total desdém à história dos games, ou seja uma verdadeira galhofa. E o mesmo pode ser dito para o filme de Street Fighter com Jean Claude Van Danme e Raul Julia.

Então veio Detetive Pikachu (a Nintendo mais uma vez saindo na frente), o longa foi lançado em 2019, respeitando bem os personagens e a história do jogo, e isso o fez ser muito bem aceito pelos fãs e críticos, se tornando a maior bilheteria de um filme baseado em games até então.

Mas, e o Sonic? Bem esse teve um começo bem mais complicado. O filme do mascote da Sega foi prometido para 2019 e iria brigar diretamente com o Detetive Pikachu (Console Wars Fellings), mas desde o lançamento do primeiro cartaz os fãs começaram a ficar com um pé atrás. O cartaz mostrava a silhueta de um Sonic bem mais humanoide do que deveria ser, com pernas musculosas e compridas, muitos o compararam a um personagem do grupo Carreta Furacão.

Não demorou muito e veio o primeiro teaser, o estranhamento foi geral, de fãs e de quem nunca viu um jogo do azulão. Um design querendo ser mais realista trouxe um Sonic estranho, sem expressão e desproporcional em tudo. Ganhou o carinhoso apelido de Sonic “Cracudo” e todos os fãs protestaram na internet.

Até que os gritos foram ouvidos pelos produtores, eles entenderam o visual estranho, prometeram mudanças para trazer um Sonic mais próximo ao original e agradar a todos. Porém, por conta disso, o filme iria sofrer um atraso e seu lançamento foi adiado de agosto de 2019 para março de 2020.

Março chegou, as mudanças no design do ouriço já haviam agrado os fãs e levantado o hype para o filme, então uma grata surpresa aconteceu, Sonic ultrapassou Detetive Pikachu nas bilheterias, se tornou a melhor estreia de um filme baseado em games da história e ainda deixou brecha para várias continuações. Em resumo, o filme ultrapassou as expectativas dos próprios produtores se tornando um grande sucesso, com direito a agradecimento dos criadores aos fãs que reclamaram e transformaram o filme num blockbuster.

Sonic: o Filme foi realmente algo inusitado. Muito pelo respeito que os produtores tiveram com os fãs e, acima de tudo, com o personagem. Os fãs agradeceram indo em peso aos cinemas, mas nem por isso o filme não deixou de ser bom. É um filme muito divertido, com atuações clássicas do astro Jim Carrey (encarnando perfeitamente um Dr. Robotink egocêntrico e afetado) e o próprio Sonic, que se manteve fiel ao que costumamos ver, tanto em suas características físicas como em suas atitudes.

Sonic já está fixo na mitologia moderna. É um personagem que surgiu dos consoles da Sega para desequilibrar a balança da Guerra dos Consoles e se consolidou como um dos grandes personagens do nosso imaginário, ultrapassou a barreira dos games ganhando histórias em animações e nas HQs, até chegar com um pé na porta nas grandes telas. Parabéns ao nosso amado ouriço azul e ficamos ansiosamente esperando por mais uma nova aventura sua, seja nos games, na TV ou nas telonas. Quem sabe não tenhamos por aí um Sonicverso nos cinemas? Com a riqueza deste universo criado pela Sega, tudo pode ser possível.

Originalmente publicado em Retro Hard

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