Moro traidor e antiético?

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Muita gente ficou surpresa com a notícia de que o ex juiz e ex ministro da Justiça, Sérgio Moro, virou sócio de uma das maiores empresas jurídicas do Mundo. Empresa especializada em recuperações de grandes empresas.

Para quem se lembra de meus comentários sobre a saída do Moro do governo, vai recordar que eu dizia que ele nunca deveria seguir pela carreira política, algo que ele nunca afirmou ser sua intenção, e que deveria abrir uma consultoria mundial em compliance e ficar bilionário.

Foi isso que aconteceu ao ser chamado para ser sócio da americana Alvarez&Marsal.

Tudo que acontece com Sérgio Moro vira polêmica.

Dessa vez, juntaram-se finalmente petistas e bolsonaristas, bem como a imprensa dolorida, para critica e tentar destruir a imagem do ex ministro. Mas claro que ninguém tem razão, primeiro porque Moro não deve explicação mais de sua vida pessoal a ninguém, principalmente a esses dois tipos de pessoas que sempre invocaram mentiras e calúnias sobre o ex juiz, antes separados e por motivos diferentes, mas que agora estão bem juntinhos nas fake news e mais uma tentativa de assassinato de reputação e, segundo, porque ele não está fazendo nada de ilegal e nada de antiético como alguns bolsonaristas estão vociferando por aí.

Moro foi fritado nos seus últimos seis meses de governo Bolsonaro e saiu mostrando parte da traição a que foi submetido. Só para recordarmos aqui, lembremos do pacote anti crime, que por conta de uma aproximação do presidente da República com o Centrão, Jair Bolsonaro traiu Moro em seu principal projeto. Esse pacote foi destroçado pelo parlamento e quando chegou à mesa do presidente, onde ele, se seguisse tudo que pregou em campanha, deveria ter vetado várias partes dele. O que Jair fez?

  1. Sancionou o juiz de garantias, com um pedido especial do ex ministro pelo veto e foi totalmente ignorado. Lembrando que essa emenda é do deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), comunista, que o presidente jurou combater.
  2. Limitação de delação premiada. Com a sanção do presidente, uma Lava Jato hoje em dia, seria completamente impossível, ajudando assim, corruptos, milícias, traficantes e todo tipo de organização criminosa a qual o candidato Bolsonaro jurou combater.
  3. Impôs dificuldades para a prisão preventiva. Nem preciso comentar, né?
  4. Sanção de vários absurdos da Lei de Abuso de Autoridade.

Fora, é claro, a gota final que foi a intenção clara do presidente de mexer na Polícia Federal, que ficou notória em suas próprias palavras, que não iria esperar “f&der#m” seus parentes e amigos e que, caso não conseguisse trocar o superintendente, iria trocar até o ministro da justiça. Sem nos esquecermos do print que o presidente enviou para o seu ex ministro, onde ele mostrava que, para proteger seus deputados aliados, Moro deveria substituir o superintendente da Polícia Federal.

Nunca devemos nos esquecer que o Bolsonaro prometeu o ministério com “porteira fechada” para o Moro, onde ele, presidente, jurou que nunca interferiria em nada.

Creio que já basta para que a balela de que Moro saiu sem motivos do governo caia como mais uma narrativa estúpida.

​​​​​​​Já sobre a petezada, entendo totalmente o ódio deles, pois Moro conseguiu aquilo que poucos acreditavam, desmontar a maior quadrilha brasileira. Nem preciso me estender mais.

Moro, ao aceitar a sociedade na empresa americana, deixou claro em seu contrato que não advogaria e não participaria de nada com empresas envolvidas na Lava Jato, o que acho uma tremenda besteira. A empresa em questão tem como cliente a Odebrecht e presta serviço em sua recuperação judicial, o que nada tem a ver com processos criminais na própria Lava Jato. A Alvarez&Marsal não atua advogando para a Odebrecht na Lava Jato.

Moro está assumindo a função de trabalhar para que as empresas clientes não participem de corrupção, para que elas tenham lisura e compliance em seus contratos com governos no Mundo todo.. Quer dizer, estão tentando detonar Moro por novamente fazer o certo, e agora, ganhar muito dinheiro com isso.

Só em um país onde a ignorância política e a polarização idiotizada imperam, que uma pessoa com formação impecável, trabalhos prestados de forma maravilhosa ao povo brasileiro (menos pra corruptos e amantes dos mesmos) e livre para tomar suas próprias decisões, resolve entrar na iniciativa privada para ganhar muito bem fazendo o que sabe e trabalhando para que empresas sejam melhores e não infrinjam a lei, pode ter gente tentando manchar sua biografia., chegando ao ponto de imputá-lo uma futura transgressão.

Nesse caso eu pergunto: qual régua essas pessoas estão usando?

Eduardo Passaia

Consultor de empresa na área de tecnologia, turismólogo e liberal.

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