Última parcela do auxílio emergencial será paga a 54% das famílias no RN

Governo federal não confirmou o pagamento do abono natalino às famílias inscritas no Programa Bolsa Família até o final do mês - Foto: Adriano Abreu

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Mais da metade das famílias do Rio Grande do Norte deverão receber, ao longo deste mês de dezembro o auxílio emergencial pago pelo governo federal, cujos valores variam de R$ 300 a R$ 600. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 444,7 mil dos 822 mil domicílios potiguares (54,1%) receberam, em outubro, o auxílio criado para diminuir os impactos econômicos da pandemia do novo coronavírus. O percentual deverá se repetir até o fim de 2020. O recurso deve compensar a ausência do 13º do Bolsa Família este ano, que fez circular R$ 66,5 milhões a mais na economia potiguar em dezembro de 2019.

Ainda em outubro, com os valores antigos do auxílio-emergencial (R$ 600 e R$ 1,2 mil), os domicílios possuíam uma média do rendimento proveniente do auxílio em R$ 597. O valor é superior ao rendimento das famílias contempladas pelo benefício extra do Bolsa Família no ano passado, que chegou, em média, a R$ 380.

Essas famílias foram beneficiadas automaticamente quando o auxílio emergencial foi criado em abril. Atualmente, segundo estatísticas do Ministério das Cidades, 363.563 famílias potiguares estão inscritas no Bolsa Família – e, por conseguinte, no auxílio emergencial. “Os maiores efeitos do aumento da renda [causada pelo auxílio emergencial] certamente ocorreram para famílias que recebiam o Bolsa Família”, disse a pesquisadora e docente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Sandra Gomes.

A criação do auxílio, com o início da pandemia do novo coronavírus, ajudou o rendimento das famílias a crescer 3% em relação a 2019. O crescimento é proveniente principalmente das primeiras parcelas, de R$ 600, e do benefício automático para quem já era beneficiário do Bolsa Família. Sem o programa, economistas estimam que a massa de rendimentos cairia 6,1% no Brasil, devido ao aumento do desemprego e ao impacto sobre o trabalho informal.

Entretanto, o cenário tende a se tornar crítico no ano que vem, com o fim do benefício. O governo federal não sinaliza que fará uma renovação, e as famílias que não voltarem ao Bolsa Família poderão ficar sem renda com o aumento do desemprego e recessão da economia, com o aumento da inflação, causadas pela pandemia. “Cortar essa corda de salvamento prematuramente é um perigo para a pobreza e a desigualdade e também para o sucesso na recuperação mais rápida e robusta”, afirmou nesta terça-feira (15), Kristalina Georgieva, diretora do FMI (Fundo Monetário Internacional), em entrevista aos jornais Folha de São Paulo, El País (Espanha) e Excélsior (México).

Mesmo para as famílias que voltarem para o Bolsa Família, a situação econômica deve ser mais difícil devido ao aumento da inflação. Este ano, a inflação acumulada sobre os alimentos alcançou em 12,7% em outubro, segundo o IBGE, e elevou a insegurança alimentar no Brasil. Os amplamente atingidos são os mais pobres, que esgotam grande parte da renda com alimentação. “Como a distribuição de renda é ruim, é na alimentação que as famílias pobres sentem a inflação”, afirmou o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz.

Para a gestora de políticas públicas, Sandra Gomes, a mitigação dos impactos econômicos passa justamente pela consolidação de um programa de renda mais amplo que o Bolsa Família. “[O auxílio] é uma grande oportunidade social para estabelecer uma política pública que dê seguridade a essas pessoas”, disse.

Crédito da Foto: Adriano Abreu

Fonte: TRIBUNA DO NORTE

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