“Euphoria” – Um drama visceral e comovente sobre distintas personalidades em mundo efêmero e insensível

Nesta vida todos estamos enfrentando uma batalha, ninguém é cem por cento perfeito quão as aparências mostram, porém alguns tem facilidade de esconder e fingir suas emoções e sensações verídicas, enquanto outros só são completos quando se entregam a sua genuína essência, mas que às vezes esse âmago visceral pode ser encontrado através de substâncias químicas, causando dependência e um falso empoderamento sobre si.

Como na série estadunidense criada por Sam Levinson, baseada na minissérie israelense de mesmo nome, de 2012 dos roteiristas Ron Leshem, Daphna Levin e Tmira Yardeni, Euphoria, em que Rue Bennett (Zendaya), é um adolescente viciada em drogas, em busca encontrar em seu lugar no mundo.

Rue desde pequena sempre foi um pouco introvertida e na dela, nunca curtiu ser o centro das atenções, mas quando ela se apegava e se preocupava com alguém, suas atenções eram focadas completamente é isso, e sua amizade transparecia em suas ações. Quando ela tinha uns 12/ 13 anos, seu pai teve um câncer fatal, o que a deixou muito próxima dele, enquanto ele fazia o tratamento em casa, e também, foi quando ela teve o primeiro contato com as drogas, deixando-a tranquila e relaxada, com os remédios que pegava do tratamento de seu pai, que muito pronto veio a falecer, e com isso, a garota passou buscar novos tóxicos para se desligar do mundo real e adentrar em um novo inerente universo, sendo assim até os 16 anos, quando ela teve sua primeira overdose, deixando sua mãe (Nika King) e sua irmã mais nova, Gia (Storm Reid), em nervos de preocupação, pensando no pior que poderia acontecer, onde elas a colocaram numa clínica de reabilitação, mesmo sem vontade própria.

Sabe o que dizem, que você só muda quando vem de dentro de si, pois bem, essa mudança estava longe de vir de Rue, que só queria se drogar e o mundo que se dane, afinal, ela não vê esperança em seu futuro mesmo.

Durante sua temporada na reabilitação, foram meses jogados fora, pois ela saiu e a primeira coisa que fez, foi buscar drogas para suprir sua abstinência. Seus amigos e familiares diziam os males que ela estava se enfiando, mas esse era o menor de seus problemas, pois as drogas já haviam tomado seu EU mais profundo.

As vésperas de começar as aulas, sua vida tomou um outro sentido, Rue conheceu aquela que mudaria sua perspectiva para sempre, e tornaria sua melhor amiga. Essa era Jules (Hunter Schafer)!

Jules é uma jovem trans, que desde muito cedo conviveu em um universo paralelo e distinto ao que ela acreditava, o que algumas vezes, a fazia se sentir culpada, mesmo sendo inocente. No entanto, foi o encontro de Rue e Jules que fez nascer mais do que uma amizade, mas um amor incondicional entre elas, onde uma protegia e zelava a outra o tempo todo.

Além disso, outros personagens com problemas dessemelhantes adentram a trama parasomar e dar dinamismo e emoção a Euphoria. Entre esses, Nate (Jacob Elordi), um atleta metido a machão, criado em uma família altamente conservadora, em que seu pai esconde segredos perturbadores para a reputação que eles fingem passar à comunidade, o que leva o jovem ter ataques excessivos de raiva, na qual esses problemas mascaram suas inseguranças sexuais. O jovem namora Maddy (Alexa Demie), uma menina auto-confiante e decidida em seus objetivos, talvez essa estima elevada, é para fugir de uma realidade de fracasso e comodismo que ela vê em sua casa, na relação de seus pais.

E por falar em fracasso e confiança, Kat (Barbie Ferreira) é uma prova que se pode ir do céu ao inferno em segundos, mas que por um lado pode ser ruim, mas no outro, ela encontra seu íntimo particular em algo que antes a perturbava e a deixava encabulada, usando seu corpo para explorar sua sexualidade. Mas que essa nova identidade altamente poderosa e dominadora acaba a tornando uma garota fria e de sentimentos vazios, deixando o amor em segundo plano, enquanto o sexo sem compromisso tomava parte de sua vida.

Por outro lado, a relação de amor de Cassie (Sydney Sweeney) era bem diferente, uma garota atraente e compulsiva, ela sofrer por amar demais, e com medo de ficar sozinha, acaba se entregando de cabeça em uma relação, o que acaba dando uma fama indesejada de ser fácil e oferecida, mas no fundo, ela só quer ser amada e compreendida como realmente é.

Euphoria é uma série de sentimentos e realidades eminentes, em que num mundo voraz e selvagem, em que todos querer se encontrar seu verdadeiro eixo, mas que acaba desviando suas propensões, criando uma realidade destorcida para agradar uma sociedade que só visa os interesses rasos e superficiais.

Ainda nessa trama, ainda tem Ali (Colman Domingo), um homem em recuperação de transtorno de uso de substâncias, que acaba se tornando quase que um mentor para Rue, e passa a orientá-la sobre os caminhos sinuosos e enigmáticos que ela têm tomado em sua vida.

Em suma, essa é mais do que um drama adolescente sobre drogas, mas sim uma obra visceral que mostra que nem sempre a perfeição na nossa frente é sincera e fidedigna, pois quando se adentra a porta de todas as casas, segredos são escancarados e problemas mundanos, sociais e pessoais atingem cada vez mais cedo as pessoas, deixando-as fracas e frívolas diante as exorbitantes informações compartilhadas por segundos pela mídia e a a sociedade.

O êxito da série foi tanto desde sua estreia em 2019, que já recebeu indicações para o British Academy Television Award de Melhor Programa Internacional e para o TCA Award de Melhor Série Notável, por sua atuação, Zendaya ganhou o Primetime Emmy Award e o Satellite Award de Melhor Atriz em Série Dramática.

Fonte: O Barquinho Cultural

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