Entidades médicas rechaçam ‘tratamento precoce’ para Covid-19

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A Associação Médica Brasileira (AMB) e a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) reforçaram, em nota conjunta divulgada nesta terça (19), que não há evidências científicas sobre ‘”tratamento precoce” para Covid-19, propagado pelo Ministério da Saúde e pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em mais de uma ocasião.

No documento, as entidades afirmam que “as principais sociedades médicas e organismos internacionais de saúde pública não recomendam o tratamento preventivo ou precoce com medicamentos, incluindo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”.

“A desinformação dos negacionistas que são contra as vacinas e contra as medidas preventivas cientificamente comprovadas só pioram a devastadora situação da pandemia em nosso país”, escreveram. “As melhores evidências científicas demonstram que nenhuma medicação tem eficácia na prevenção ou no ‘tratamento precoce’ para a Covid-19 até o presente momento”, acrescentaram.

Nesta segunda (18) o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse, em coletiva, que o governo recomenda “atendimento precoce” e que as expressões podem ser confundidas. Em atos públicos, no entanto, o governo preconizou o chamado tratamento precoce, baseado em medicamentos como cloroquina e Ivermectina, cuja eficácia contra coronavírus não é comprovada.

No posicionamento, as entidades também parabenizaram a Anvisa, pela análise técnica célere para o uso emergencial das vacinas CoronaVac e de Oxford, e os pesquisadores que participaram dos estudos clínicos no Brasil. Elas afirmaram que a autorização “enche de esperança, expectativa e otimismo”.

“As vacinas têm o potencial de evitar a Covid-19 grave, evitando internamentos hospitalares, necessidade de oxigenioterapia, admissões em unidades de terapia intensiva e óbito e, assim, controlarmos a pior crise sanitária dos últimos cem anos”, ressaltaram.

Por fim, AMB e SBI destacaram que, mesmo com o início da vacinação, ainda são necessárias as medidas preconizadas pelas autoridades de saúde para controle da pandemia, como uso de máscara, distanciamento social e higienização.

Leia a nota na íntegra:

Estamos em um momento crítico da pandemia de COVID-19 no Brasil, com mais de 8,5 milhões de casos, 210 mil vidas perdidas, mais de mil mortes diárias e cidades como Manaus enfrentando triste caos sanitário. Além das dificuldades já esperadas para o momento, a disseminação de fake news, especialmente por meio das redes sociais, não para de crescer. A desinformação dos negacionistas que são contra as vacinas e contra as medidas preventivas cientificamente comprovadas só pioram a devastadora situação da pandemia em nosso país.

As melhores evidências científicas demonstram que nenhuma medicação tem eficácia na prevenção ou no “tratamento precoce” para a COVID-19 até o presente momento. Pesquisas clínicas com medicações antigas indicadas para outras doenças e novos medicamentos estão em pesquisa. Atualmente, as principais sociedades médicas e organismos internacionais de saúde pública não recomendam o tratamento preventivo ou precoce com medicamentos, incluindo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), entidade reguladora vinculada ao Ministério da Saúde do Brasil.

A autorização pela ANVISA para uso emergencial das vacinas Coronavac e Covishield (Oxford) nos enchem de esperança, expectativa e otimismo. Parabenizamos todos os pesquisadores que participam dos estudos clínicos das vacinas contra COVID-19, o Instituto Butantan e a Fiocruz, instituições públicas que orgulham os brasileiros. Parabenizamos, também, a ANVISA pela análise técnica e célere, que, mesmo os dados das vacinas estando em andamento, mas já suficientes para demonstrar eficácia e segurança, foi sensível à gravidade da pandemia no Brasil, num momento que nenhum medicamento até o momento se mostrou eficaz e seguro contra o SARS-CoV-2, vírus causador da doença.

As vacinas têm o potencial de evitar a COVID-19 grave, evitando internamentos hospitalares, necessidade de oxigenioterapia, admissões em unidades de terapia intensiva e óbito e, assim, controlarmos a pior crise sanitária dos últimos cem anos.

Hoje, os brasileiros representam 10% dos óbitos por COVID-19 no mundo. Precisamos mudar esta triste realidade. A caminhada de controle da pandemia ainda será longa. Por isso, precisamos manter, mesmo com o início da vacinação, o uso correto de máscara, distanciamento físico e higienização frequente das mãos. Agir para combater o coronavírus é um dever de todos!

Fonte: Revista Época

Imagem: iStock

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