Ciência compartilhada

Um dos desafios de desenvolver pesquisa científica no Brasil é a falta de equipamentos e de laboratórios de pesquisa. Por sua vez, essa dificuldade pode ser superada ao buscar-se parcerias para utilização desses espaços e materiais. Atenta a essas questões, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por meio da Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq), com apoio da Superintendência de Informática (Sinfo) e da Secretaria de Gestão de Projetos (SGP), catalogou os laboratórios e equipamentos de pesquisa da Instituição e disponibiliza esses dados para a sociedade no Sistema Integrado de Gestão de Assuntos Acadêmicos (Sigaa) e na plataforma Power Bi, disponíveis neste link.

A consolidação dessas informações permite para a instituição não só uma maior integração e otimização do uso de sua infraestrutura de pesquisa, como também impacta diretamente para a realização de planejamento estratégico das ações de desenvolvimento dessa infraestrutura.

A servidora Karen Bezerra, da Divisão de Infraestrutura de Pesquisa da Propesq, setor responsável pelos levantamentos, pontua que, com investimentos significativos para construção de novos laboratórios e aquisição de novos equipamentos, as duas últimas décadas trouxeram relevante ampliação da infraestrutura, além de grande perspectiva para o avanço científico na UFRN. Por isso, enquanto instituição de pesquisa, a UFRN tem buscado promover ações que tornem visível, à comunidade científica, sua infraestrutura de pesquisa.

Ao disponibilizar esses dados para a sociedade, a Propesq espera “promover uma maior visibilidade aos laboratórios e equipamentos de pesquisa existentes na UFRN, tanto quanto incentivar a formalização do cadastro dos laboratórios e, principalmente, induzir parcerias que contribuam para o desenvolvimento científico da sociedade”.

O catálogo conta com 508 cadastros ativos de laboratórios de pesquisa da UFRN. Foto: Cícero Oliveira

O trabalho de catalogar os dados acerca da infraestrutura laboratorial da UFRN teve início em 2016. O objetivo da Propesq foi, por meio do levantamento, promover a divulgação desses espaços e equipamentos de pesquisa à comunidade científica da própria universidade e de outras instituições. Inicialmente, esse levantamento demandou, junto à Superintendência de Informática (Sinfo), o desenvolvimento de uma funcionalidade no Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (Sigaa) para cadastro de laboratórios e equipamentos de pesquisa.

Segundo Karen, essa demanda foi dividida em duas etapas: a primeira relacionada ao desenvolvimento da funcionalidade para cadastro de laboratórios; e depois houve o desenvolvimento da funcionalidade para cadastro de equipamentos. “Ao passo que a Sinfo atuava no desenvolvimento da funcionalidade para cadastro de laboratórios, a Propesq, através de formulários Google, captava as primeiras informações dos laboratórios de pesquisa junto aos seus respectivos coordenadores”, destaca.

Com isso, todas as informações coletadas por meio dos formulários acabaram sendo migradas para o Sigaa no final de agosto de 2017. Isso se deu quando houve a fase de teste da funcionalidade Solicitar Cadastro de Laboratório.

Nesse período, foram importados os dados de 310 laboratórios para continuação do cadastro. Atualmente, constam no Sigaa 508 cadastros ativos de laboratórios de pesquisa, distribuídos da seguinte forma: 226 laboratórios validados, 88 retornados para adequação, 186 cadastros em andamento e oito com status em atualização e pendente de validação para análise e certificação da Propesq.

Estão cadastrados 10.682 equipamentos de pesquisa de pequeno, médio e grande porte da UFRN. Foto: Anastácia Vaz

A plataforma permite acesso, desde julho de 2018, por meio do portal Público do Sigaa, aos dados dos cadastros validados. Essa consulta promove visibilidade aos laboratórios e às pesquisas neles desenvolvidas.

Já o desenvolvimento da funcionalidade para cadastro de equipamentos, que ficou para um segundo momento, foi disponibilizado pela Sinfo, para teste, em 2020. Igualmente ao ocorrido na coleta de informações acerca dos laboratórios, houve ação simultânea tanto na Propesq quanto na Sinfo.

Karen explica que enquanto a Sinfo desenvolvia a funcionalidade que permitiria o cadastro dos equipamentos, acontecia a coleta de dados dos equipamentos de pesquisa da UFRN, realizada por uma equipe de bolsistas. Essa ação fez parte de um projeto institucional assessorado pela SGP que daria suporte a um outro projeto voltado para a melhoria da manutenção dos equipamentos de pesquisa.

“Esse levantamento significa um ganho para quem poderá fazer uso dessa estrutura de laboratórios e equipamentos de pesquisa da UFRN. O cadastro permitiu que tivéssemos contato com os laboratórios da instituição, sabendo as condições deles e dos equipamentos disponíveis”, destaca a coordenadora da Divisão de Infraestrutura em Pesquisa da Propesq, Elinete Luísa Lopes.

A coleta de dados de equipamentos iniciou em 2018 e foi finalizada em outubro de 2019, com visitas a diversos laboratórios da UFRN

No trabalho de coleta de dados, a UFRN contou com o apoio de quatro bolsistas. As visitas aos laboratórios iniciaram em meados de 2018 e finalizaram em outubro de 2019. Ao todo, foram visitados 476 laboratórios. A partir daí, dois bolsistas ficaram responsáveis por tabular as informações e elaborar o relatório. Nas visitas aos laboratórios, foi possível verificar quais equipamentos estavam em uso, os que estão em manutenção e ainda os laboratórios que estavam disponíveis para utilização.

Ao longo de dois anos, a equipe catalogou um total de 10.682 equipamentos de pesquisa na UFRN, incluindo informações básicas e registro fotográfico de equipamentos de pequeno, médio e grande porte. A disponibilização dos dados dos equipamentos no Sigaa ainda depende de ajustes a serem realizados pela Sinfo, bem como a importação dos dados catalogados.

Como parte da política de divulgação da infraestrutura de pesquisa à comunidade científica (interna e externa à UFRN), a Propesq elaborou e divulgou em 2018 a primeira edição do Catálogo dos Laboratórios de Pesquisa e disponibiliza agora a segunda edição, com dados certificados até o final de 2020.

Para Elinete, o levantamento da infraestrutura de pesquisa era algo que vinha se mostrando necessário para nortear melhor as ações de planejamento do desenvolvimento estratégico da infraestrutura de pesquisa da UFRN. “É a partir do trabalho realizado na Propesq, iniciado em 2016, que esta iniciativa é levada a frente e se concretiza, passando a se constituir em um marco da gestão”, complementa.

Somando-se a disponibilização da segunda edição do Catálogo de Laboratórios de Pesquisa, a Pró-Reitoria traz à comunidade científica os dados catalogados dos equipamentos de pesquisa da instituição disponíveis na plataforma Power Bi. “Temos uma ideia de colocar essas informações também em um site, se possível ainda em 2021, para que os dados possam ser atualizados de forma dinâmica, com base nos dados cadastrados no Sigaa pelos pesquisadores. Assim, facilita a questão da logística e tempo, com atualização sobre o status do equipamento e laboratórios e inclusão de novos equipamentos adquiridos, quando necessário”, explica Karen.

A pró-reitora de Pesquisa Sibele Pergher espera que o catálogo possibilite uma maior colaboração nas pesquisas, unindo expertises e saberes

A pró-reitora de Pesquisa, Sibele Pergher, ressalta que a Propesq tem como um de seus objetivos registrar e incentivar as ações de pesquisa na UFRN e, nesse sentido, a infraestrutura para pesquisa é muito importante, pois dela depende todos os passos seguintes.

“A UFRN cresceu muito nos últimos 20 anos e, com esse crescimento, muitas vezes surge uma desconexão, as pesquisas se tornam mais individualizadas. Muitas vezes não sabemos o que o colega da sala (ou laboratório) do lado está fazendo”, pontua. Com o levantamento dos laboratórios e equipamentos para pesquisa disponíveis na UFRN, ela espera que aumente a colaboração da pesquisa entre os grupos de pesquisa da instituição e de fora, otimizando recursos com o compartilhamento de infraestrutura e equipamentos, bem como com o aumento das pesquisas científicas uma vez que as mesmas começam a ser realizadas de forma colaborativa unindo expertises e saberes.

“Entregamos esse resultado a nossa comunidade esperando que usufrua dessa informação e que assim a nossa pesquisa na UFRN possa crescer cada vez mais em qualidade e quantidade”, conclui.

Texto de Hellen Almeida

Fonte: Agecom/UFRN

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