Estudo encontra associação entre toxoplasmose ocular e polimorfismo do gene APEX1

O Laboratório de Biologia da Malária e Toxoplasmose (DPM/CB) da UFRN conduziu um estudo inédito que demonstrou a associação entre a toxoplasmose ocular (TO) e o poliformismo do gene APEX1 (rs1130409), que está envolvido com o reparo de DNA no organismo. O artigo contou com a participação do Laboratório de Genética da UFRN e também da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O estudo foi publicado na Acta Tropica, da Elsevier, que é uma das mais respeitadas revistas científicas na abordagem de estudos clínicos e pesquisas em interações de parasito – hospedeiro.

A toxoplasmose ocular é uma doença dos olhos provocada por um protozoário chamado Toxoplasma gondii. A toxoplasmose também é conhecida como a “doença do gato” por ser, habitualmente, transmitida pelas fezes deste animal, sendo ele o hospedeiro definitivo. Os roedores, os pássaros, os animais domésticos e o homem são hospedeiros intermediários. A TO é a forma mais comum de uveíte posterior e é a causa mais frequente de deficiência visual, já que pode provocar lesões na retina.

“Devido à irreversibilidade das lesões oculares causadas pelo Toxoplasma gondii, torna-se necessário a busca de ferramentas que permitam encontrar fatores associados à predisposição ao desenvolvimento da lesão, pois mesmo com a introdução de terapia específica, a demora no diagnóstico e o tratamento pode causar maiores morbidades ao paciente”, disse o professor Valter Andrade, um dos autores do estudo. “Há uma grande prevalência de toxoplasmose gestacional e congênita no Brasil. Avaliando indivíduos com toxoplasmose ocular em todo o estado, observamos que os agravos estão associados com um gene muito importante, tanto para o reparo de DNA como envolvido com a resposta imune”, explica.

Esse artigo decorre de uma linha de pesquisa na qual se investigou a dinâmica da doença em mulheres que estivessem em idade gestacional, já que os dados anteriores da pesquisa haviam mostrado que a soroconversão das mulheres grávidas acompanhadas foi de 8 casos por 1000 habitantes por mês. “Se extrapolarmos para a população dos municípios, temos uma taxa de novos casos muito elevada. As chances de transmissão vertical nessas mulheres são maiores pela falta de uma resposta imune de memória. Então, observamos que os casos de toxoplasmose ocular no RN estão associados com o gene APEX1”, afirma Valter.

Ainda assim, há um longo caminho pela frente. “Muitas coisas ainda precisam ser entendidas. A questão da interação entre o parasita e o hospedeiro é bastante complexa e perpassa pelas características genéticas, tanto do parasito quanto do hospedeiro humano; o que repercute numa doença mais branda ou mais grave”, diz o professor. Ele conta que, no momento, estão estudando um painel de citocinas e quimiocinas, que são importantes para a resposta imune contra o parasito. “A chave é como o parasito consegue enganar nosso sistema imune, seja no nível genético ou na diminuição da resposta imune específica”, encerra.

O estudo completo pode ser acessado neste site. Os alunos da UFRN podem entrar com o domínio da universidade para vê-lo completo.

Imagens: Divulgação

Fonte: Agecom/UFRN

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