Conheça dicas para evitar golpes financeiros

O aumento de casos de prática de golpes financeiros, entre eles o conhecido como pirâmide, cresce de forma assustadora. Diariamente jornais, TVs, rádios e portais de notícias apresentam novos casos. Para se ter uma ideia, somente no mês de fevereiro de 2022, mais de 326 mil pessoas passaram por tentativas de golpes no Brasil. Diante desse quadro preocupante, o que deve ser feito para evitar cair em ciladas? O professor mestre em economia e gestão Lauro Barillari preparou dicas para dificultar a queda nas armadilhas dos espertalhões. Um detalhe importante é lembrar do ditado popular: “Quando a esmola é demais, o santo desconfia”. É importante ficar atento aos resultados prometidos.

O professor Lauro Barillari chama a atenção às promessas de retorno acima da média. Segundo ele, esse artifício atraem investidores inexperientes, destacam-se no mercado e são disseminados rapidamente, principalmente, pela facilidade dos meios digitais. “Como a rentabilidade alta chama a atenção, os golpes estão se sofisticando e oferecendo porcentagem de retorno mais compatível e, muitas vezes, apenas um pouco acima da realidade do mercado, tornando golpes ainda mais perigosos e menos perceptíveis, em primeira instância. Por exemplo: uma taxa de 2% ao mês parece razoável para o leigo, porém quando tratamos de capital financeiro e especulativo, ganhar dinheiro sobre dinheiro, essa taxa é considerada muito alta para o retorno atual existente no mercado”, explica Lauro Barillari.

Professor Lauro Barillari

Ele segue explicando que quando essa taxa de 2% está vinculada a uma atividade produtiva (a comercialização de um produto ou serviço qualquer), podemos considerá-la boa e até mesmo baixa, desde que a atividade seja real e comprovada através de visitas, auditorias e inventários patrimoniais. Baseando-se no potencial gerador de riqueza de alguns produtos e serviços, muitos golpes utilizam-se deles para gerar a sensação de viabilidade do retorno, como ocorre no caso das pirâmides. “O fato de ter um produto ou serviço vinculado não torna a aplicação mais confiável e a taxa de retorno viável. É necessário avaliar as condições da oferta, atividade, os registros dos agentes e da operação específica, além de outros estudos de viabilidade técnica e econômica do negócio”, frisa Barillari.

Diante de um cenário de golpes de todos os tipos, torna-se fundamental procurar checar a regulamentação das alternativas de investimentos e da origem da empresa que prometem ganhos rápidos e fáceis. Um fundo de investimento, por exemplo, é um produto do mercado financeiro. Qualquer produto do mercado financeiro precisa estar devidamente registrado, assim como a empresa que faz a gestão e a comercialização deles. Existe a possibilidade de uma pessoa verificar se a instituição financeira ou profissional são credenciados pela CVM, através do link https://sistemas.cvm.gov.br/?CadGeral.

Barillari conta que no mercado, existem Agentes Autônomos de Investimentos, Analistas de Valores Mobiliários, Distribuidoras de valores, Corretoras de valores, Bancos de Investimentos e Bancos Comerciais. “Um ponto de atenção é que os agentes autônomos não podem receber recursos diretamente de clientes e nem administrá-los. Os agentes autônomos devem possuir contrato vinculando-os a alguma Instituição cadastrada no sistema da CVM e apta a receber os recursos do investidor. Há ainda o consultor de valores mobiliários – ou consultor de investimentos – cujo papel é orientar, aconselhar e oferecer recomendações sobre investimentos no mercado de valores mobiliários de acordo com as necessidades, interesses, preferências e o perfil de risco dos investidores. Em todos os casos, quem decide e aplica é o investidor através da sua conta pessoal de investimentos”, ensina.

Uma das observações importantes é desconfiar da ideia de transferir valores para terceiros. Barillari destaca que o Sistema Financeiro Nacional Brasileiro é seguro e um dos mais avançados no mundo quanto à segurança das operações. “Todas as operações feitas no mercado oficial, seja de capitais, monetário, cambial, possuem lastro e são operadas via contas de investimentos em instituições financeiras autorizadas. Pessoas físicas ou jurídicas não credenciadas e autorizadas não participam desse fluxo, podendo tornar um grande risco qualquer operação paralela que envolva transferência de recursos para terceiros não autorizados”, afirma.

Segundo ele, existem instituições chamadas de custodiantes e reguladas pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). “São instituições financeiras designadas para custodiar ações e ativos de fundos, seja de pessoas físicas, seja de jurídicas. Funciona como uma espécie de intermediário das transações de compra e venda, o que torna o processo mais seguro para todos os envolvidos. São nelas que ocorrem as movimentações através do comando do próprio investidor”, ensina Lauro Barillari.

Um dos cuidados que os interessados em operações financeiras para aumentar o capital deve ter é conter o impulso. De acordo com Barillari, o ser humano possui a ambição como uma característica importante para a realização dos seus projetos e sonhos. Além disso, de acordo com o professor, existem gatilhos como escassez, exclusividade, sazonalidade que podem apressar as decisões de investir, de forma indesejada.

“É preciso fugir das armadilhas mentais. O investimento deve seguir com racionalidade e uma análise prévia e cautelosa sobre a modalidade, remuneração, riscos inerentes, liquidez, segmento de mercado e o negócio específico, no curto, médio e longo prazos. A recomendação inicial para investir é saber o seu perfil de risco, o que é chamado de ‘suitability’ pelas instituições e profissionais do mercado financeiro. Para isso, a pessoa preenche um formulário com informações pessoais para conhecer qual o montante que realmente está disposta a perder sem grandes prejuízos a sua vida pessoal e familiar, caso venha acontecer”, frisa Barillari.

Dicas para evitar cair em golpes financeiros

1 – Não realizar negociações e compra de produtos financeiros pela internet e redes sociais;

2 – Buscar as informações de credenciamento, certificações e autorizações diretamente nas fontes (portais CVM, BACEN, ANCORD etc);

3 – Desconfiar de pessoas que fazem milagrosamente o dinheiro se multiplicar com baixo risco;

4 – Ter como referência para decisão o binômio risco-retorno, ou seja, quanto maior o retorno, maior a exposição ao risco (de ganhar e perder). Evite e desconfie de qualquer caso que fuja dessa regra;

5 – Criar um sistema de informação confiável, seguindo notícias e recomendações somente de pessoas, entidades e instituições financeiras autorizadas;

6 – Evitar seguir dicas de “influenciadores financeiros digitais e investidores que vendem receitas de sucesso” – possíveis golpistas – que ostentam resultados, riqueza pessoal e constroem uma imagem baseada em especulações e aplicações sem fundamentos sólidos. Essas pessoas, em muitos casos, não possuem sequer credenciamento ou autorização para atuar na função de consultor. Geralmente, os riscos são omitidos e utiliza-se uma abordagem que enfatiza apenas a possibilidade de altos ganhos.

Imagens: Reprodução

Fonte: Assessoria de Comunicação

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