Natal entra em pânico com ameaça de facção e onda de criminalidade

Declarações polêmicas do deputado estadual eleito Wendel Lagartixa (PL), policial reformado que tem duro discurso de combate à criminalidade, teria atiçado facções criminosas do Estado. Segundo Henrique Baltazar, titular da Vara Regional de Execuções Penais de Natal, há um aumento na sensação de insegurança nas ruas do Estado. O magistrado, inclusive, afirma não duvidar de que a informação de que a liberação por parte da facção Sindicato do Crime (SDC), originária do RN, para cometer crimes em regiões da capital potiguar, como Areia Preta e Mãe Luiza, além de guardar veículos roubados dentro da área de atuação do SDC, seria uma retaliação ao resultado das urnas.

Recentemente, um comunicado que circula em redes sociais desde a última segunda, 3, aponta uma autorização por parte da facção para realização de crimes em áreas onde antes seriam consideradas restritas, além da autorização para guardar automóveis e motocicletas roubadas em locais onde a facção se encontra. Segundo informações, isto seria uma retaliação, após a eleição de Wendel Lagartixa, como o deputado estadual mais votado do RN.

Estado

A Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed) do RN que, por meio da assessoria de comunicação, não negou a veracidade do comunicado, mas afirmou que “os setores de inteligência das polícias Civil e Militar estão atentos”. Baltazar seguiu a mesma linha ao dizer não poder confirmar o fato, mas não o tratou como algo impossível. “Não duvido. A facção quer controlar um território e se alguém se coloca contra, eles tendem a reagir. Mostrar que quem manda no território é ela. Não tenho como confirmar se ocorreu ou não. Mas é possível essa reação das facções, já que dois deputados eleitos [Wendel Lagartixa e Sargento Gonçalves] se posicionam em discursos contra criminosos, então as facções podem estar respondendo a este posicionamento deles em combate ao crime”, avaliou.

Nas redes sociais, Wendel voltou a afirmar que, se as facções tentarem bater de frente com o estado, as forças policiais entrarão nas comunidades. “Eu já estou com o nome de um bocado de cabeça de Mãe Luiza, Passo da Pátria, Japão, Jardim Lola, o Bonde do Fuzil, Bonde do 38, Bonde da Baladeira, tá todo mundo sendo monitorado. Aproveitem, porque, no que depender da gente, embora a gente não esteja com o aparato que a gente teria no ano que vem, a gente vai com gosto de gás, rapaziada. Vamos ver quem é que pode. Se é a vagabundagem ou se é o Estado. Está dado o recado”, publicou.

Em termos políticos, no entanto, o magistrado não vê as falas de Lagartixa como um fator de preocupação, ao contrário da insegurança. “A insegurança é uma situação preocupante. As informações que sempre surgem no estado acerca de facção, das forças delas aqui no estado, é preocupante. Discurso de político é normal. Cada um tem uma bandeira, tentam atrair. Não vejo problema”, disse.

Recentemente, entretanto, o juiz apontou não haver nenhum indicador que comprove um aumento de crimes que confirme esta informação. “A sensação de insegurança no RN é antiga. E se tem conhecimento que desde que acabou a guerra entre as facções, PCC e Sindicato do Crime. O Sindicato se tornou realmente uma facção mais forte e tem tentado impor controle sobre certos territórios”, afirmou.

De acordo com o magistrado, os crimes de maior porte, como assaltos a postos com explosões e tomadas de cidade diminuíram e os crimes menores voltaram a ter evidência. “Aquela história de tomada de cidades, que estava acontecendo, diminuiu bastante após a atuação dos grupos da Polícia. Diminui essa sensação. Voltou agora o crime miúdo, os assaltos de rua, isso realmente tem tido. Difícil dizer se os crimes aumentaram ou a divulgação tem sido maior. Como tem sido mais divulgado, as pessoas têm essa sensação”, comentou.

A solução defendida por ele é uma organização do estado para intensificar ações policiais a ponto de combater crimes e investigar a fundo as organizações atuantes no estado. “É necessário fazer um levantamento de quem são as facções, ver as lideranças delas, prender. É um trabalho que já tem sido feito pelo Divisão Especializada Em Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor) da Polícia Civil, e pelo GAECO. Mas tem que ser ampliado, porque tem aumentado a sensação de insegurança”, avaliou.

Convidado a projetar sobre a sensação de insegurança no futuro, Henrique Baltazar foi claro ao afirmar que isso depende da atuação do estado. “Não tenho como saber. Vai depender da reação do estado no combate à criminalidade. Se o estado agir para prender e interromper estas ações das facções, provavelmente esta sensação deve diminuir. Acho que a segurança pública faz o trabalho dela, e os criminosos estão tentando ganhar dinheiro com isso. É o que sempre acontece. A força da segurança pública lutando contra o crime. Sempre aconteceu, sempre vai acontecer. Com maior ou menor intensidade a depender da atuação da segurança pública”, finaliza.

Governo pede para população não compartilhar informações falsas

O Governo do Rio Grande do Norte se manifestou pública e oficialmente a respeito do suposto “salve” da criminalidade “decretado” nesta quinta-feira 6. Na nota, o Governo pede a população não divulgar informações falsas.

“O Governo do Estado do Rio Grande do Norte, através da Secretaria Estadual de Segurança Pública e da Defesa Social orienta a população a não compartilhar informações não confirmadas em redes sociais”, diz a nota.

O Governo acrescenta que “as informações a respeito de ocorrências serão repassadas pela assessoria de comunicação da Secretaria Estadual de Segurança Pública aos veículos de comunicação do Estado”.

“Ainda que boatos espalhados não tenham respaldo na realidade das ocorrências verificadas, todas as medidas preventivas já foram adotadas para garantir a paz e a segurança da população”, destaca a gestão estadual.

Imagens: Reprodução/José Aldenir

Fonte: Agora RN

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