Análise: Ghostbusters: Spirits Unleashed (Multi) – Caçar fantasmas nunca foi tão divertido

Os “véios” oitentistas finalmente têm a oportunidade de colocar um reator nuclear nas costas e juntar os amigos para caçar fantasmas graças à nova experiência multiplayer da Illfonic em Ghostbusters: Spirits Unleashed.

Responsável por outras experiências semelhantes baseadas em obras cinematográficas, como Friday the 13th: The Game e Predator: Hunting Grounds, a empresa parece ter acertado bastante a mão ao nos colocar no papel de caçadores de fantasmas e criaturas sobrenaturais.

Primeiro dia de trabalho

Em Ghostbusters: Spirits Unleashed assumimos o papel de um novato no icônico prédio dos bombeiros que serve de abrigo e base de operações dos Caça-Fantasmas em Nova York. Após os acontecimentos do filme mais recente da franquia, Ghostbusters – Mais Além (2021), o veterano Winston Zeddemore comprou o prédio e se tornou o novo dono do empreendimento de extermínio de criaturas sobrenaturais.

Muito bem assessorado por seu amigo de carreira, o doutor em parapsicologia Ray Stantz, que agora toca uma livraria ocultista bem ao lado, Winston conta ainda com a ajuda dos novatos Catt e Eddy na administração do negócio, que ainda está em alta graças a uma crescente demanda pela eliminação de entidades do além.

Um dos pontos altos da narrativa está justamente no respeito e zelo em trazer uma experiência que está diretamente conectada com tudo o que já vimos sobre os Caça-Fantasmas no cinema, com destaque maior justamente para a participação de Dan Aykroyd e Ernie Hudson reprisando seus papéis de Ray e Winston na dublagem de seus personagens.

Para ficar melhor, só faltou a presença de Bill Murray como Peter Venkman, uma ausência até justificada por conta da idade avançada do ator. Egon Spengler, personagem de Harold Ramis, que faleceu em 2014, também é lembrado por meio de referências ao filme do ano passado. Não tem fã que não sinta o carinho e respeito pelo material original ao jogar este game.

Durante os intervalos entre partidas, o jogador é guiado por uma história original dividida em seis atos, em mais uma rotineira (mas nem tanto) semana de trabalho caçando assombrações. Para mim, que sou “idoso” e fã dos filmes — exceto o de 2016, esse não existe, ok? — isso foi um prato cheio de nostalgia e diversão com aquela dose de comédia misturada com aventura que só combina com os Caça-Fantasmas. Mas nem só de diversão e nostalgia um jogo com um nome tão importante se sustenta. Vamos ver como é a dinâmica do gameplay.

Caçando e sendo caçado

Ghostbusters: Spirits Unleashed é um dos chamados games as a service (jogos como serviço). Assim como os dois títulos citados no início desta matéria, este é um multiplayer assimétrico 4v1, com quatro jogadores assumindo o papel de Caça-Fantasmas e um quinto sendo a criatura que está assombrando o local.

No papel dos caçadores, o grupo deve procurar três fendas fantasmagóricas e destruí-las antes que o mapa seja totalmente assombrado. Para tal, cada jogador dispõe do icônico detector PKE (Psycho-Kinetic Energy) para rastrear as fendas, e o fantasma, no cenário. Os encontros com o oponente sobrenatural rendem caóticos embates usando feixes protônicos para laçar e prender o danado em uma armadilha.

O trabalho em equipe é importante para otimizar a busca pelas fendas e também pelo adversário ectoplasmático, pois o tempo é algo que precisa ser bem administrado para que os humanos não sejam derrotados. Se todas as fendas forem destruídas e o monstrão tiver sido capturado após essa tarefa, o grupo vence.

No papel de antagonista, o jogador precisa assombrar o lugar possuindo objetos e aterrorizando os civis que estão lá para preencher uma barra de progresso. Em meio a isso tudo, também é preciso defender as fendas e combater os caçadores que querem capturá-lo. Se isso ocorrer, o fantasma pode retornar à partida ao custo de uma de suas fendas.

Caso todas sejam destruídas e ele seja pego, o resultado é a derrota. Se ele conseguir preencher a barra que indica o nível de assombração do lugar, e sobreviver mais alguns segundos sem ser capturado, a vitória é do jogador do além, e ele literalmente bota os caçadores para correr do local.

Assombrar objetos faz com que eles fiquem se movendo ou flutuando pelo cenário, confundido os Busters sobre onde o fantasma está. É possível possuir objetos para se esconder e restaurar mais rapidamente a barra de energia usada para realizar suas habilidades básicas e especiais, mas lembre-se: por meio do detector PKE, os Caça-Fantasmas ainda podem te achar mesmo que você esteja “fantasiado” de enceradeira para passar despercebido por alguém que está passando por ali.

A Illfonic gentilmente nos cedeu uma chave extra para testarmos o desempenho do multiplayer e o resultado foi positivo. É bem fácil criar um grupo para jogar, e a presença do cross-play favorece na hora de encontrar mais jogadores para assombrosas partidas.

Na falta de jogadores para fechar um grupo, após um tempo de busca as vagas são preenchidas por bots, mas por eles serem bem mais lerdinhos, as partidas não ficam tão divertidas como seriam com pessoas. De qualquer modo, ainda dá pra jogar de alguma forma. Quem você vai chamar?

Sobram recompensas e falta variedade

Um fator que estimula a jogatina em Ghostbusters: Spirits Unleashed é a grande quantidade de itens a ser desbloqueados para customizar seu personagem. São trajes, peças para seus equipamentos, cores, novas classes de fantasmas e visuais.

Após jogar, digamos, duas ou três partidas, é certo que algo novo estará disponível para você enfeitar seu boneco quando voltar ao prédio dos bombeiros. Durante as poucas horas iniciais que joguei, muita coisa já foi desbloqueada simplesmente ao subir meu nível de jogador.

O uso dos equipamentos também possui níveis que desbloqueiam peças para fazermos modificações e melhorias no arsenal dos Busters, como feixes de prótons mais eficientes, alcance maior do raio da armadilha, menos tempo para resfriamento da mochila e assim por diante.

Junto a isso, as atividades paralelas, aqui chamadas de Bicos, adicionam missões extras, como acalmar uma certa quantidade de cidadãos durante as investidas, realizar capturas, usar um tipo de fantasma, etc. Há também a coleta de alguns objetos que adicionam extras ao enredo. Algo para os fãs mais aficcionados pelo universo fantasmagórico do cinema.

Tudo isso traz um forte incentivo para jogar cada vez mais partidas com o intuito de obter tudo o que Spirits Unleashed já tem a oferecer no lançamento. Entretanto, tanta jogatina esbarra em um clássico problema nesse tipo de jogo, que é a quantidade de cenários.

Em outros títulos do gênero, ficamos limitados a um imenso mapa único, cheio de truques, segredos e tudo mais. Aqui, esse ponto é substituído por vários cenários, como um restaurante, um hotel, um transatlântico e até uma prisão.

Porém, depois de jogar algumas partidas e pegar as manhas, tanto no papel de caçador quanto na “pele” de um morto, os mapas começam a ficar um pouco maçantes e chatinhos, visto que já vimos tudo que tem ali. A expectativa é que futuramente a Illfonic traga mais mapas, seja por DLC pago ou atualizações gratuitas, para estimular a jogatina.

Cenários dos filmes como a biblioteca pública de NY e o prédio da Dana do primeiro filme, o museu do segundo filme ou mesmo o supermercado da película mais recente seriam adições interessantes para ampliar o rol de arenas e ainda alimentar um pouco mais a nostalgia dos fãs.

Horripilantemente divertido

Ghostbusters: Spirits Unleashed chega como uma das melhores experiências multiplayer da Illfonic graças ao casamento harmonioso entre uma franquia popular e bem-sucedida com um gameplay divertido e engajador. Nunca foi tão divertido caçar fantasmas ou melecar os vivos com seu ectoplasma pegajoso num video game dos Caça-Fantasmas.

Prós

Contras

Ghostbusters: Spirits Unleashed (Multi) — PC/PS5/PS4/XSX/XBO — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PlayStation 5

Análise de Alexandre Galvão

Fonte: GameBlast

Sair da versão mobile