A nova onda de lançar jogos com problemas acompanhados de pedidos de desculpas

Têm sido tempos difíceis para jogos de alto orçamento. Lançamentos extremamente aguardados que acabam chegando ao público com diversos problemas, tornando a experiência de jogo extremamente decepcionante. De casos mais conhecidos e relativamente antigos podemos citar No Man’s Sky, Fallout 76, e Cyberpunk 2077. Todos esses com algum espaçamento entre seus lançamentos, mas que já prenunciava o que viria pela frente.

Os casos mais recentes quase se amontoam, como Battlefield 2042, Pokémon Scarlet e Violet, Forspoken, The Last of Us para PC, Redfall, Star Wars Jedi: Survivor, The Lord of the Rings: Gollum… Todos lançados em um curto espaço de tempo, entre o final de 2022 e os primeiros seis meses de 2023. Todos com problemas de desempenho que desagradam, e mostram que cada vez mais a indústria de games tem se preocupado mais em gerar lucro, mesmo que a qualidade precise ser sacrificada.
Logo após o lançamento desses jogos, (quase) todas as desenvolvedoras soltaram notas pedindo desculpas, reconhecendo os problemas de seus produtos e garantido melhorias para tornar esses games aquilo que prometeram em seus anúncios.
No Reddit, jogadores tem “colecionado” esses pedidos de desculpas | Foto: Reddit
Em alguns casos, o pedido de uma segunda chance pareceu sincero, como em No Man’s Sky. Esse talvez tenha sido um dos maiores casos de hype da década passada. A Hello Games prometia uma revolução em jogos de sobrevivência e crafting espacial. Mas no lançamento, o jogo mal entregou 10% daquilo que foi prometido. Animais e planetas gerados proceduralmente? Até tinha… mas era algo bizarro, mal feito. Multiplayer? Era bem difícil topar com outro jogador, para não dizer impossível. Sistemas de crafting e exploração? Nada parecidos com o que foi anunciado. Com o passar dos anos, a empresa foi lançando diversas atualizações gratuitas que traziam as mecânicas prometidas, e continuam fazendo. O jogo hoje já não parece com o que foi lançado em 2016. Não é surpreendente que até tenha ganhado o prêmio de “Melhor Jogo Contínuo” pelo The Game Awards em 2020.
Cenas como essa eram comuns em Night City no lançamento de Cyberpunk 2077 | Foto: Twitter
Cyberpunk 2077 é outro que pode ser considerado como “renascido das cinzas”. O game chegou injogável nos consoles da geração passada. Tanto que a Sony tomou a medida extrema de remover o jogo da sua loja digital. Vídeos mostrando os diversos bugs dominaram as redes sociais em 2022. Mas a CD Projekt Red trabalhou duro em atualizações. O jogo ainda apresenta alguns poucos problemas, e exige um hardware considerável para executar bem. Mas em vista do lançamento, é quase outro jogo. Só é uma pena a desenvolvedora ter se esquecido do Xbox One e PS4, já que esses consoles não receberão mais updates, e nem as DLCs que foram anunciadas.
Esses dois são casos de relativo sucesso após o desastre. Mas alguns jogos infelizmente não se recuperam da recepção inicial, em alguns casos nem mesmo tentam. No grupo dos azarões podemos colocar Babylon’s Fall, desenvolvido pela Platinum e Square Enix. O jogo pretendia seguir na linha “Game as a Service”, mas foi considerado repetitivo, enjoativo, com mecânicas e gráficos bem abaixo do prometido e esperado para a geração. Resultado: Babyllon’s Fall teve seus servidores encerrados no final de fevereiro deste ano. Halo Infinity foi outro que acabou não conseguindo se reerguer, por mais que a Microsoft continue tentando. A promessa de campanha co-op online, que sempre foi uma marca registrada da franquia, já foi abandonada. E a atenção ao multiplayer do jogo tem sido bem fraca, o que tem feito mais e mais jogadores abandonarem o game.
Poderia ser uma fã-arte de estilo duvidoso, mas é apenas The Last of Us para PC | Foto: Reddit
Com os casos mais recentes, como The Last of Us, Jedi: Survivor, Forspoken, Redfall, e muitos outros, o que a comunidade tem entendido é que o descaso se tornou a norma com jogos mal feitos, mal portados ou com desempenho pífio. Nunca antes a prática de reembolso se tornou tão comum entre os jogadores.
Além do pensamento de descaso, existe também a teoria de conluio com fabricantes de hardware. Nessa linha de pensamento, uma das causas para lançamentos tão problemáticos seria que as desenvolvedoras estariam entregando jogos mal portados, ou com desempenho ruim em máquinas mais antigas ou intermediárias para incentivar a compra de consoles de nova geração ou de novas peças para computador, como placa de vídeo, processadores, memórias ram, etc. Claro, alguns desses jogos não rodam bem nem mesmo em máquinas mais recentes, o que desqualifica um pouco a teoria da conspiração, mas dá algo para se pensar.
A lição que fica para esses tempos sombrios é: evitar a pré-venda, aguardar o lançamento para ver se vale a pena pegar o jogo, ou se é melhor aguardar por uma versão mais estável.

Texto de Yuri Hupsel

Fonte: GameBlast

Sair da versão mobile