Estudo mostra que turismo gera mais de 18,2 mil empregos em Natal

Estudo do Sebrae tem o objetivo de orientar o poder público e empresários sobre fomento e melhorias no segmento - Foto: Joana Lima

O mapeamento das empresas formais do Turismo, realizado pelo Sebrae RN em parceria com a Secretaria de Turismo de Natal (Setur), aponta que, em 2021, foram gerados 18.242 empregos diretos no setor, distribuídos entre os seis segmentos mapeados. Em termos comparativos, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), o setor de serviços foi o que mais gerou admissões no período analisado, cerca de 44 mil, seguido do comércio, com 21 mil. A pesquisa levantou dados de 2,8 mil empreendimentos formais e tem o objetivo de orientar o poder público e empresários acerca de ações específicas de fomento e melhorias no segmento.

A área de Alimentação Fora do Lar (AFL), que compreende empreendimentos como bares e restaurantes, foi o que mais empregou. São mais de 10,5 mil empregos no período analisado, entre ocupações permanentes, temporárias e vagas para Pessoas com Deficiência (PCD). O setor de hotelaria e meios de hospedagem foi o segundo com maior número de colaboradores, cerca de 4,4 mil, nos mesmos parâmetros de colaboração, seguido de equipamentos de lazer (clubes, boates, estádios, teatros e cinema), com 1,7 mil. Artesanato (738) e equipamentos de agenciamento (552) são os últimos colocados.

De acordo com o levantamento, Natal possui cerca de 229 meios de hospedagem e 19.262 leitos distribuídos entre hotéis, pousadas, hostel, motéis, SPA e flats. A pesquisa não levou em consideração os Airbnb – aluguel de imóveis por temporada – o que poderia elevar ainda mais o número total de leitos e meios de hospedagem na capital. Os hotéis predominam no número de empreendimentos no setor, cerca de (37,8%), seguido das pousadas (26,2%).

A taxa de ocupação média é de 59,63% em 2021, cerca de 1,62 ponto percentual a menos do que 2019, quando a taxa ficou em 61,25%. Em contrapartida, o ticket médio do cliente contou com pequeno aumento, passando de R$ 168,61 para R$ 169,06, podendo chegar a um valor máximo de R$ 1,1 mil por cliente no setor de hospedagem.

As micro e pequenas empresas (ME e EPP) compõem a maior parte dos empreendimentos de meios de hospedagem, conquistando cerca de 68,1% do setor, seguidas das empresas de médio porte (EMP), com 17,7%. As empresas de grande porte (EGP), por sua vez, têm a menor representação, cerca de 2%. Microempreendedores individuais (MEI) representam 12,7% do total no ramo. Delas, cerca de 41,2% não possuem o Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur), do Ministério do Turismo. O cadastro visa promover, entre outras coisas, a formalização dos prestadores de serviços no setor em todo o Brasil.

As ME e EPP’s também mantém liderança entre os bares e restaurantes, com 60,8% dos empreendimentos. Apenas 3,2% deles não possuem Cadastur. Nesse setor, no entanto, 5,7% são empresas informais, sem constituição jurídica. Restaurantes são 34,6% dos negócios, seguido de lanchonetes (16,2%) e bares (13,4%). O setor soma um número total de 40.984 mesas, com uma capacidade de 162.548 pessoas sentadas e 22.153 em pé.

O ticket médio dos clientes desses empreendimentos foi de R$ 42,76 em 2021, frente aos R$ 39,53 de 2019. Portanto, o máximo chegou a R$ 700, em 2021, um aumento considerável ao levar em consideração os R$ 400 de 2019. Cerca de 62% dos negócios trabalham com serviços a la carte e 53% com entregas. Mais de 60% deles compram de fornecedores locais, o que favorece a produção de alimentos.

O ticket médio do setor de equipes de agenciamento (agências de vagens, operadoras, receptivos e outros) é o mais alto entre os segmentos, devido à compra de pacotes de passeios. Uma média de R$ 3,1 mil gastos em 2021, frente aos R$ 2,1 em 2019. Esse segmento recebe cerca de 579 clientes ao mês e a maioria dos empreendimentos é compreendido pelas agências de viagens, cerca de 73%.

Ainda segundo levantamento, São Paulo (22,6%), Pernambuco (19,2%), Rio de Janeiro (12,2%) e Paraíba (10,2%) são os quatro estados brasileiros que mais enviam turistas a Natal. O dado mostra a força do turismo nacional e regional dentro da cidade, cenário previsto após a pandemia no processo de recuperação do setor. Argentina (27,8%), Espanha (11,8%), Itália (11,8%) e Portugal (10,5%) são as nacionalidades da maioria dos turistas internacionais que chegam a capital. Cerca de 11,5% dos hotéis não recebem turistas de fora do País.

Entidades pensam em ações direcionadas

De acordo com o superintendente do Sebrae RN, José Ferreira de Melo Neto (Zeca Melo), os número são expressivos e mostram a importância da condução e continuidade do estudo para que as entidades possam desenvolver ações direcionadas. “Os números são expressivos. Do ponto de vista do Sebrae, a gente vai poder nortear o nosso trabalho melhor, já que sabemos onde estão as empresas, quais são suas carências, vamos ter condições de visitá-las. Então, é um instrumento precioso para organizar a operação”, disse.

Junto com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), o Sebrae também busca desenvolver um plano de ação com foco em atividades relacionadas a capacitação, divulgação e marketing das empresas do setor de hotelaria e hospedagem. De acordo com o presidente da associação, Abdon Gosson, a expectativa é que esses números não parem de ser atualizados para que o setor possa sempre trabalhar com dados e pense em ações assertivas. “É muito importante esse trabalho. A gente espera que esses números sejam atualizados ano a ano e que não pare nunca mais”, disse.

Já segundo a secretária de turismo de Natal, Ohana Fernandes, o município deve focar na execução de três obras: a engorda de Ponta Negra, terminal turístico da Redinha e reurbanização da Praia do Meio. “Nós estamos com três obras super importantes, que é a engorda de Ponta Negra, temos o terminal turístico da Redinha e temos a reurbanização da Praia do Meio que logo está para sair. Tudo isso engloba o turismo e Natal vive do turismo”, disse.

Ainda de acordo com ela, deve haver uma ação junto aos profissionais que trabalham nesses pontos, ainda sem perspectiva de acontecer. “Nós vamos fazer um trabalho perante a cada bairro que está com essas obras. Nós vamos treinar o pessoal, vamos executar, nós vamos fortalecer o turismo nessas três áreas para que possamos explorar para os turistas”, complementa.

É a primeira vez em 54 anos que esse levantamento é feito. A pesquisa foi realizada nos bairros que compõem o corredor turístico da capital potiguar, como Areia Preta, Ponta Negra, Alecrim, Praia do Forte e Capim Macio, além de Mãe Luiza, Petrópolis, Cidade Alta e Cidade Alta. O período de levantamento de dados foi de agosto a novembro de 2022, gerando comparativo de dados do referido ano com 2019.

Divulgação do Destino Natal é a principal demanda

A maior parte dos empreendedores entrevistados cobra uma melhor divulgação do Destino Natal, a fim de atrair mais visitantes e, em consequência, mais clientes para seus negócios. A demanda foi a mais solicitada em todos os seguimentos, estando acima de 30% em todos eles, junto com ações de incentivo ao turismo, que fazem parte do mesmo nicho.

Segurança pública, infraestrutura, organização e iluminação pública foram os pontos mais criticados e cobrados por melhorias. A cobrança por espaços de convivência como praças e parques ao ar livre também se fez presente em todos os segmentos.

Entre as dificuldades encontradas pelos empresários na condução das atividades, a pandemia de covid-19 é uma das principais, seguida de mão de obra qualificada e falta de clientes. Cada setor apresentou números diferentes entre as dificuldades, mas em todos eles, esses motivos foram os mais abordados.

Crédito da Foto: Joana Lima

Fonte: TRIBUNA DO NORTE

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