Xerimbabo – Projeto da EAJ ensina saúde única e relação humano-animal para crianças e adolescentes

Quem já assistiu ao filme Tainá, protagonizado por uma garotinha indígena, pode lembrar da palavra Xerimbabo. Esse era o nome do melhor amigo da personagem, um macaco que acompanha seus passos durante toda a história. Para algumas comunidades indígenas, esse termo significa animal de estimação. Por essa razão, Xerimbabo foi o nome escolhido para um projeto de extensão da Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ), em Macaíba, município da região metropolitana de Natal. A equipe leva conhecimento sobre saúde única e as relações humano-animal para professores, crianças e adolescentes.

Para muitos, ter um animal de estimação é ter um amigo ou integrante do círculo familiar. Por isso, é necessário prezar pelo cuidado com a saúde deles, principalmente dos que estão diretamente ligados à alimentação e à fonte de renda da família. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 60% das enfermidades infecciosas humanas têm sua origem em animais e estão ligadas justamente com a relação estabelecida entre seres humanos, animais e a natureza. É aí que habita a importância central do projeto.

Com oficinas de dinâmicas interativas, a equipe trata do tema Saúde Única – relação entre as pessoas, os animais e o meio ambiente – com crianças e adolescentes do 6º ao 9º ano do ensino fundamental de escolas dos municípios de Lagoa de Pedras e Macaíba. Também orienta como prezar por um relacionamento saudável entre humanos e animais, desde a convivência, combatendo maus-tratos, até a prevenção de doenças.

Equipe realiza oficinas com crianças e adolescentes da Escola Municipal  Vereador Pedro Gomes de Souza, em Macaíba – Foto: Cedida-Projeto Xerimbabo

 Ter crianças e adolescentes como público-alvo é uma estratégia do grupo para conseguir chegar aos outros membros da família. “Não é tão fácil chegar com novos conhecimentos para as pessoas mais velhas, pois, geralmente, elas estão envolvidas em outras atividades de trabalho, por isso levamos para as crianças e adolescentes essas informações. A maneira de chegarmos até as famílias é pela educação. As crianças ouvem na escola e chegam em casa querendo contar; levam o conhecimento para os familiares e com vontade de aplicar em casa o que aprenderam”, destaca Viviane Medeiros, coordenadora do Xerimbabo, contando ainda que esses alunos são participativos nas oficinas, sempre perguntando, interagindo com as brincadeiras e conversando com os educadores.

Neste ano, foram realizados três encontros presenciais no Centro de Educação Pedro Gomes de Souza, em Macaíba. O primeiro apresentou o projeto Xerimbabo; o segundo aplicou a oficina Higiene dos Alimentos, ministrada pela professora do curso de Gastronomia Amanda Vogas, que falou sobre os riscos da má higiene dos alimentos; e, no terceiro encontro, foi tratado sobre toxoplasmose, zoonose causada geralmente pela ingestão de alimentos crus ou mal preparados. Até o final de 2023, haverá outras cinco oficinas na escola com os temas: tuberculose, raiva, larvas migrans cutâneas, larvas migrans visceral e esporotricose.

Os alunos de graduação e do nível técnico da EAJ fazem parte do projeto organizando oficinas, dinâmicas e ministrando para as crianças. João Gabriel, discente do curso técnico em Agropecuária integrado ao ensino médio, reconhece que tem sido agregador na sua vida estar inserido nessa proposta. “Como estudante, é uma experiência que eu nunca tive. Vim de uma escola pública do interior, e a situação é um pouco precária por lá. Ser estudante e fazer parte do projeto me fez ver outras realidades além da minha. Eu estou me desenvolvendo melhor na vida acadêmica, com o senso de responsabilidade e melhor comunicação em público”, comenta.

Crianças e adolescentes participaram de oficina sobre higiene dos alimentos – Foto: Cedida-Projeto Xerimbabo

Raniel Pereira, discente de graduação no curso de enfermagem, percebe que os conhecimentos adquiridos no projeto têm corroborado para a sua formação profissional, pois a saúde única está presente em todas as áreas da enfermagem. O jovem considera transformadoras as experiências vividas no projeto, principalmente pela satisfação de ver crianças compartilhando aprendizados. “Me marca quando a gente pergunta sobre um conhecimento que passamos para alunos no ano passado e eles nos ajudam a repassar para os novos estudantes neste ano, pois lembram do que aprenderam. É marcante, pois dá sentido ao que estamos fazendo, uma sensação de ‘olha só, funcionou!’”, explica Raniel.

Mas não são apenas os estudantes das escolas que são alcançados pela ação. Os professores e coordenadores também estão inseridos no projeto e aplicam o conhecimento adquirido durante as oficinas em sala de aula, desde disciplinas como literatura até as ciências naturais. É o que explica Sara Christian, coordenadora pedagógica da escola Pedro Gomes e, atualmente, colaboradora do Xerimbabo. “O conceito de saúde única busca integrar a saúde humana, animal e ambiental, enfatizando a interdependência entre essas diferentes áreas. Isso abre um leque de oportunidades para que os nossos professores explorem de forma transdisciplinar a importância da prevenção, do monitoramento e do controle de doenças por meio da mudança de hábitos e ações do nosso cotidiano”, destaca Sara.

Os estudantes de graduação e técnico da Escola Agrícola de Jundiaí ministram as palestras e mediam as oficinas com os alunos das escolas visitadas – Foto: Cedida-Projeto Xerimbabo

A coordenadora também enfatiza a importância das ações do projeto para as crianças da escola. Segundo ela, além do conhecimento adquirido, que será útil para toda a vida, é importante salientar a experiência vivida para além dos livros didáticos. “O projeto traz para esses alunos dos anos finais do Ensino Fundamental a oportunidade de realizar pesquisas e multiplicar esse conhecimento  com outros colegas e familiares”, complementa.

Fonte: Agecom/UFRN

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