Caravana Espacial participa da Space Week Nordeste 2023 no Ceará

A equipe do projeto de extensão Caravana Espacial participou da primeira edição da Space Week Nordeste, evento que reuniu pesquisadores e autoridades dos principais órgãos do setor aeroespacial nacional e internacional na Seara da Ciência da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Coordenadores, bolsistas e voluntários do projeto da UFRN assistiram a palestras, minicursos e oficinas conduzidas por profissionais da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), da Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (Nasa), além de pesquisadores de instituições renomadas no mercado aeroespacial.

Realizado durante sete dias, o evento se consagrou como importante meio de intercâmbio de ideias e rede de contato entre cientistas e profissionais das ciências espaciais para o desenvolvimento da região Nordeste do Brasil. Em um dos dias do evento, a equipe da Caravana levou uma parcela do público participante da Space Week para uma viagem ao espaço numa sessão do planetário Rubens de Azevedo. O local é referência mundial, sendo o mais moderno do Brasil e o terceiro melhor do mundo.

Para completar a missão Fortaleza, durante a extensão da Space Week, no fim de semana, a equipe da Caravana Espacial fez um grande show de divulgação científica aberto ao público em um dos principais shoppings da capital cearense.

O coordenador da Caravana, professor José Henrique Fernandez, palestrou para o público no Shopping Iguatemi, em Fortaleza, durante o evento. (Foto: Diego Pereira

A palestra realizada pelo coordenador do projeto, professor José Henrique Fernandes, atraiu dezenas de crianças e adultos que passavam pelo local e ficaram encantados com as demonstrações de conceitos físicos aplicados na indústria aeroespacial.

Além da participação no evento na capital, a Caravana esteve em mais três cidades da grande Fortaleza: Eusébio, Paramoti e Maranguape. A viagem de Natal ao estado vizinho trouxe como resultado a finalização de mais de um terço da meta do projeto, que é visitar 30 cidades do Nordeste, levando conhecimento científico aeroespacial de maneira acessível à população.

A Escola Estadual Professora Francisca Linhares, localizada no município de Eusébio, foi a primeira a receber o projeto no estado do Ceará. A equipe chegou à Instituição por volta das 9h da manhã e só saiu às 20h, quando alguns alunos conseguiram observar, por alguns minutos, o planeta Saturno e seus anéis, apesar de o céu estar nublado na região.

A observação do céu foi novidade para a escola e também para os bolsistas e coordenadores do Caravana Espacial, que realizaram a primeira noite de observações astronômicas, nomeada Ora direis ouvir estrelas, em homenagem ao poema de Olavo Bilac. E ao som das estrelas, os alunos do Ensino de Jovens e Adultos (EJA) tiveram a oportunidade de tirar dúvidas e ouvir algumas histórias sobre as constelações e planetas.

Primeira noite de observação astronômica. Foto: Jussara Felix

A possibilidade de diminuir a distância entre a Universidade e os estudantes da pequena Paramoti foi um dos objetivos que motivaram a equipe da UFRN a sair de Fortaleza e enfrentar mais duas horas de viagem até o município de pouco mais de 10 mil habitantes. Com um telescópio e alguns equipamentos, o grupo mostrou um pouco das tecnologias de foguetes e promoveu uma noite de observação do céu.

Sueli Feijó, professora de Filosofia na Escola Estadual Tomé Gomes dos Santos, não trabalha diretamente com a astronomia, mas sempre comentava nas aulas sobre os filósofos antigos que fizeram grandes descobertas apenas observando o espaço, por isso classificou a ida da comitiva da UFRN ao município de Paramoti como uma “experiência maravilhosa, porque todos puderam parar de observar só o aparelho celular para enxergar, também, as maravilhas do nosso céu”.

Foi o que também pensou o estudante de Licenciatura em Matemática do Instituto Federal de Ciências e Tecnologia do Ceará (IFCE) Erivan Rodrigues, que é ex-aluno da E.E. Tomé Gomes. Ele foi à praça para prestigiar esse momento que ele acredita ser “uma experiência enriquecedora para eles [os estudantes] conhecerem um pouco do nosso espaço”. Para Erivan, uma iniciativa como essa deve ser levada à frente, para outras escolas, para que todo mundo tenha mais acesso ao estudo da astronomia.

Ora direis ouvir estrelas. Foto: Alan Oliveira

Estudar o espaço é a vocação da pequena grande cientista Nicole Oliveira, de 10 anos de idade, que já descobriu mais de 40 asteroides e é reconhecida como a astrônoma mais jovem do mundo. Nicolinha, como é conhecida, tornou-se muito popular nas redes sociais, acumulando mais de 28 mil seguidores interessados em entender mais sobre temas ligados à Astronomia.

A menina é apaixonada pelo céu desde os dois anos de idade, quando pediu uma estrela de presente para os pais. Hoje ela faz palestras e motiva outras crianças a estudarem sobre planetas, asteroides e afins. Apesar da pouca idade, Nicole já coleciona vários cursos e premiações na área de estudo e por isso foi uma das palestrantes na Space Week, em que contou um pouco de suas descobertas e os sonhos para o futuro como engenheira aeroespacial da Nasa.

Por compartilhar dos mesmos ideais do Caravana Espacial, a jovem cientista foi presenteada pelos coordenadores do projeto com um foguete básico de demonstração.

Nicole Oliveira recebe uma réplica de foguete das mãos do vice-coordenador da Caravana Espacial, Anderson Guedes, e do organizador da Space Week, Geraldo Ferreira. Foto: Jussara Felix

Mas, diferentemente da Nicole, alguns jovens chegam ao ensino médio sem nunca ter visto um telescópio de perto, como é o caso da Lara Kaylane Santos Silva, estudante do ensino médio de Paramoti. Ela considerou “muito interessante a ideia de um pessoal de fora vir até aqui, isso torna a nossa cidade bastante valorizada”. Algo novo até mesmo para a diretora da escola que recepcionou a Caravana.

Rita Mara ficou muito grata por receber a equipe, pois a escola é carente de projetos que abordem a temática da astronomia. Portanto, esse “é um momento para despertar mais ainda a curiosidade dos alunos, para que eles tomem gosto por essa área, que é tão interessante”.

Em Maranguape, a equipe de Natal encontrou uma escola vocacionada para o desenvolvimento científico e tecnológico. Com aproximadamente 700 alunos de ensino médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA), a Escola Estadual Luiz Girão coleciona premiações da Mostra Brasileira de Foguetes (MOBFOG) e da Jornada Cearense de Foguetes, além de estar em processo de busca por uma patente.

O gestor da Escola Luiz Girão mostra alguns prêmios que a escola recebeu. Foto: Jussara Felix

Apesar da estrutura simples do laboratório de ciências e poucos recursos, a escola também foi premiada na Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia de 2019, pelo desenvolvimento de uma telha ecológica feita a partir da cera de carnaúba, e, agora, busca uma nova patente. O professor Eduardo Oyama, que coordena um grupo de iniciação científica na Instituição, está produzindo um conservante natural de alimentos feito com plantas nativas da região, em parceria com a estudante do terceiro ano ensino médio Gabriele Rodrigues.

Gabriele pensa em cursar a graduação em Artes Visuais ou Cinema, mas isso não a impediu de explorar o campo de pesquisa em Biologia e Engenharia. “A sala de aula às vezes é algo tão mecânico, que esse tipo de visita à escola faz com que novos horizontes se abram para os alunos. Coisas que eles nunca imaginaram acabam sendo colocadas em pauta. Eu mesma aprendi muitas coisas hoje”, afirmou a estudante, que criou o gosto pela ciência a partir de um projeto extracurricular como o Caravana.

A aluna Gabriele Rodrigues recebeu dobraduras de nanossatélites durante a missão em Maranguape. Foto: Jussara Felix

A participação do projeto na Space Week foi uma forma de completar mais missões, mas também de trazer novas parcerias e agregar conhecimentos de astronomia para coordenadores e bolsistas, que puderam aproveitar a programação do evento e aprender mais sobre nanosatélites, construção de foguetes e outros diversos assuntos relacionados às tecnologias aeroespaciais.

Imagem de Capa: Jussara Félix

Fonte: Agecom/UFRN

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