Após intervenção policial, usuários de drogas “deixam” Cracolândia de Natal vazia

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A chamada “cracolândia” em Natal, local que fica em um trecho da Avenida Jaguarari, entre as avenidas Nevaldo Rocha e Antônio Basílio, em Lagoa Nova, já não se encontra tão habitada quanto antes, segundo os moradores do bairro. “Faz três dias que não tem ninguém”, afirmou Franco, proprietário de um açougue na região há 43 anos.

Segundo ele, o local esvaziou após visitas de policiais na região. “Mudou demais, agora eles saíram. Tem muita polícia e tudo”, disse ele, acrescentando que nunca foi vítima de furto, mas que já viu pessoas sendo roubadas no local. “A gente vê, mas não pode dizer nada. Tem esse negócio de drogas aqui. Eles levam tudo para vender”, completou.

Uma dessas vítimas foi a comerciante Luciene dos Santos, que tem uma loja de móveis há mais de 10 anos no bairro e teve o estabelecimento invadido, o que resultou em materiais furtados. “Já roubaram por trás da loja. Eles pularam e roubaram muitas peças minhas ali atrás, levaram a estrutura de alumínio dos móveis”, disse.

Luciene conta que, durante o dia, as pessoas que ocupavam a “cracolândia” ainda passam pela área, mas não permanecem na região como faziam antes. “Nesses dias acabou devido às reportagens e tudo que está acontecendo, como muita visita [de policiais]. Eu espero que resolva essa situação, que fica melhor para a gente, porque aqui é um bairro muito bom, mas infelizmente a gente está à mercê”, afirmou.

A comerciante diz que, apesar do arrombamento na loja, ela não sente medo. Porém, essa realidade é diferente para o morador Nilo Sérgio Xavier, que afirma temer chegar ao trabalho. “Chego às onze horas da noite e quando eu chego vejo muitos moradores de rua e usuários de drogas. É muita sujeira. Dá medo. Eles abordam a gente pedindo dinheiro, é constrangedor”, completou.

De acordo com o morador, não é só à noite que ele vê pessoas fazendo uso de substâncias ilícitas no local, mas também durante o dia. “Eles colocam uma proteção no rosto e usam a droga. Até roubo já presenciei, eles puxam a bolsa das pessoas que vão chegando também tarde e a gente não pode fazer nada”, narrou.

“Eu nasci e me criei aqui. E aqui nunca esteve assim tão ruim de morar como está hoje, por causa desses episódios. Sempre teve droga por aqui, nunca deixou de ter, mas hoje está mais exposto. Eles perderam até a vergonha mesmo porque, como eu disse, à luz do dia eles usam a droga”, relatou.

O morador reforçou que a população da “cracolândia” diminuiu significativamente nos últimos dias. Ele frisou que “eles [moradores de rua] ficaram amedrontados. Os traficantes também os proibiram de ficar, porque o policiamento aumenta e fica ruim para eles. Com as reportagens eles ficaram mais amedrontados”, finalizou.

Forças de segurança se mobilizam e definem ações para atender usuários

A Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed) realizou uma visita ao local nesta terça-feira 19, após reunião com setores do poder público e da iniciativa privada para discutir e definir metas para ações de atendimento para as pessoas em situação de rua e de risco. A área foi visitada pelo titular da pasta, coronel Francisco Araújo, e pelo secretário adjunto, delegado Osmir Monte.

Segundo Araújo, a visita foi realizada para sensibilizar os órgãos públicos. “É para que todos se conscientizem cada vez mais, tanto o poder público como a iniciativa privada. Estamos aqui com as forças de segurança pública do estado, com órgãos do estado e do município de assistência social, da saúde, a Fecomércio presente, apoiando essas ações e nós acreditamos que se nós fizermos uma ação de forma integrada envolvendo todos esses órgãos, nós vamos conseguir debelar a situação”, disse.

Coronel Araújo reforça, ainda, que a situação não é um obstáculo só da polícia, mas também um problema social, e ressalta a participação de órgãos que possam garantir assistência social, alimentação e atendimento médico para as pessoas em situação de vulnerabilidade e de risco.

Nos próximos dias, o secretário disse que um mapeamento do lugar já está sendo feito pela Prefeitura, por parte de órgãos de assistência social e saúde do município. Além disso, também será realizado o policiamento ostensivo e investigações a partir da atuação da Delegacia Especializada em Narcóticos (DENARC) de Natal

Imagem: Karen Souza

Fonte: Agora RN

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