Pacientes de Natal estão há quatro meses sem receber insulina: “Descaso”

Em Natal, usuários do ProSUS – serviço da Secretaria Municipal de Saúde (SMS Natal) que distribui fraldas, insulina e outros medicamentos de forma gratuita para pacientes da rede pública de saúde de Natal – estão sem receber insulina há cerca de quatro meses, conforme denúncia feita pelo vereador Luciano Nascimento (PSD), nesta terça-feira 21, e falou sobre a situação preocupante. A diretoria do Centro Clínico Zeca Passos, onde funciona o ProSUS Natal, também confirmou a informação de que os medicamentos não estão sendo recebidos desde fevereiro deste ano.

Segundo o parlamentar, as doses do hormônio, usado por pacientes diabéticos, chegaram na sexta-feira de Carnaval, no dia 9 de fevereiro, e esgotaram no mesmo dia. “São quatro meses que não chega insulina. Chegou só uma vez, na sexta de Carnaval e só foram 2.500 [doses]. A alternativa [para quem não consegue adquirir] é comprar, quem tem condições”, relatou.

Raimundo Siqueira, 73, já perdeu parte da visão e tem sensibilidade reduzida no tato por causa do diabetes. Foto: José Aldenir/AGORA RN
Raimundo Siqueira, 73, já perdeu parte da visão e tem sensibilidade reduzida no tato por causa do diabetes. Foto: José Aldenir

Raimundo Siqueira tem 73 anos e é uma das pessoas que recebe insulina mensalmente pelo ProSUS, no entanto, com a falta do medicamento, ele precisou adquirir a medicação a partir da compra. “São dois tipos de insulina. Já perdi um olho. Estou perdendo a sensibilidade dos pés, tudo por falta de insulina”, desabafou.

As insulinas são dos tipos degludeca, que tem um tempo de atuação mais lento, e a aspártica, que tem ação rápida. Siqueira relatou que precisa tomar o medicamento duas vezes por dia, mas ultimamente precisa lidar com a falta.

“Aqui é constante faltar. Eu me sinto impotente, sinto vergonha de ser brasileiro. Se eu tivesse 20 anos, eu saía desse país”, argumentou.

O estudante Geimeson Soares tem 22 anos e vive uma realidade semelhante. Ele falou ao AGORA RN que também precisa tomar as insulinas de dois tipos e, com a falta no ProSUS, acaba recebendo por meio de uma ação judicial a partir da notificação à Defensoria Pública do RN. “No caso [com a ação], é para o município entregar o valor das insulinas diretamente para a conta da farmácia”, explica.

Ele conta que, por mês, precisa de duas insulinas do tipo degludeca e outras seis doses da aspártica e defende que o não recebimento acaba gerando muitos transtornos.

“Sinto que é algo desconfortável que gera muitos transtornos, porque muitas pessoas acabam precisando se endividar para conseguir comprar algo que deveria ser garantido todos os meses. Fora as pessoas que são hospitalizadas por não conseguirem adquirir. Um problema que afeta uma parcela gigantesca da população e ainda é tratada com descaso”, completou.

SMS se pronuncia

Procurada pelo AGORA RN, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Natal informou, por meio de nota, que a aquisição das insulinas é feita em licitação com registro de preço com validade de um ano e levando em consideração a quantidade de usuários cadastrados no ano anterior. De acordo com a secretaria, a licitação referente ao processo de 2024 para a compra de insulinas do tipo Degludeca foi concluída.

“A Secretaria aguarda os insumos por parte do fornecedor, que tem 30 dias para realização dos envios. O município realizou também a abertura de um processo emergencial para aquisição de carpules de insulina do tipo Glargina, Lispro e Asparte enquanto o processo licitatório referente ao ano de 2024 para estes insumos está em tramitação. A licitação eletrônica foi realizada, o processo emergencial concluído e o fornecedor tem o prazo de 30 dias (após a assinatura do contrato) para enviar os insumos”, disse uma parte da nota.

Hoje, são 1.943 pacientes cadastrados para recebimento de insulina de ação longa e de curta duração, de acordo com a Secretaria.

“A secretaria reforça que realizará um novo cadastramento para os usuários que recebem o medicamento, após aumento no quantitativo de pessoas buscando pelo serviço, com a intenção de regularizar a quantidade de usuários aptos a receberem os insumos, evitando assim desabastecimento no serviço”, fala outro trecho da nota.

Capa: Reprodução

Fonte: Agora RN

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