Ocupação hoteleira em Natal sofre estagnação

A ocupação hoteleira em Natal deverá encerrar 2018 com tímida ou nenhuma variação em relação a 2017. De janeiro a novembro deste ano, os hotéis da capital afiliados à Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio Grande do Norte (ABIH/RN), registraram média de ocupação de 65,45%. No mesmo período de 2017, o quantitativo de unidades habitacionais ocupadas não superou os 64,55%. De um ano para o outro, a variação foi de 0,90%, o que caracteriza estagnação. Apesar dos avanços apontados pela ABIH/RN e agentes de turismo na divulgação do destino Rio Grande do Norte em outros estados brasileiros e países da América Latina e Europa, a insegurança que colocou o Estado em destaque no cenário jornalístico nacional e estrangeiro em janeiro e dezembro de 2017 e também no início deste ano, afugentou turistas.

“O ano começou com problemas na área da Segurança Pública. Passamos 15 dias na mídia nacional com reportagens negativas por causa da greve dos policiais. As pessoas tiveram receio de vir para Natal”, avalia José Odécio, presidente da ABIH/RN. Os primeiros três meses deste ano, conforma dados da Associação, comprovam o reflexo da greve dos agentes de Segurança Pública do Estado entre dezembro de 2017 e janeiro deste ano. No primeiro trimestre, a ocupação média dos hotéis da capital caiu em relação ao mesmo intervalo de tempo do ano passado.

Não bastassem o reflexo da recessão da economia nacional que afastou turistas da maioria dos estados brasileiros e a crise na Segurança Pública local, em maio passado os caminhoneiros realizaram a maior paralisação da década e provocaram danos irreparáveis a diversos setores da economia, incluindo o de Serviços ao qual está atrelado a atividade hoteleira. Somente em maio deste ano, a queda na ocupação dos hotéis natelenses foi de 4,56% em relação ao mesmo mês de 2017. Em nenhum mês deste ano, o índice de ocupação de hotéis na capital superou os 80%, diferente de janeiro do ano passado que chegou a 84,4%.

De acordo com José Odécio, nem mesmo as altas taxas de ocupação estão inseridas num contexto de lucratividade para o empresário do segmento hoteleiro. Ele destaca que as tarifas cobradas pelos meios de hospedagem associados à ABIH/RN são as mais baratas da região e a defasagem acumulada desde 2010 se aproxima dos 30%. “A taxa de rentabilidade de um hotel não é proporcional à taxa de ocupação. Nossa diária média está 30% abaixo do que deveria estar em comparação ao valor nominal de 2010. Todos os custos subiram muito mais que as tarifas, como a água, luz, combustíveis, salários”, aponta o presidente da ABIH/RN.

Em relação à geração de  empregos ao longo do ano, a variação registrada pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho, ficou em 0,38%. Das 17.206 contratações registradas pelo segmento dos Serviços no qual estão inclusos os de alojamento e alimentação, somente 232 permaneceram até o mês de outubro, conforme publicação mais recente do balanço do CAGED. De acordo com o Cadastro, em dez meses, 16.974 pessoas foram desligadas do setor no Rio Grande do Norte.

Operadores de Turismo:

A conselheira da Associação Brasileira das Agências de Viagens (ABAV), Diassis Holanda, que também atua como diretora da Harabello Turismo em Natal, confirmou que a procura por pacotes para o fim do ano na capital potiguar ainda é fraca nesse início de dezembro. “Janeiro está razoável. Melhora em fevereiro, carnaval e início de março que está bem cheio. Mas esse fim de ano está fraco, não está como nos anos anteriores”, destaca. O maior número de visitantes brasileiros que escolhe o Rio Grande do Norte como destino é oriundo do Estado de São Paulo.  Questionada sobre o principal motivo que afasta turistas do Estado, ela é enfática: “insegurança”.

A Secretaria Estadual de Turismo do Rio Grande do Norte (SETUR/RN) foi procurada mas não se manifestou até o fechamento dessa edição.

Fonte: Tribuna do Norte

Imagem: reprodução

Sair da versão mobile