Demissão, A Hora Mais Cinzenta – Por Jean Tavares Leite

A demissão é um momento, por si só, difícil - Foto: Reprodução/Osayk

Compreender que no mundo corporativo nem tudo são flores e que é mais fácil falar que fazer é o ponto de partida para esse simplório artigo. Dito isso, solicito que você memorize essa frase: “Seja profissional”. Quando? Ora quando, SEMPRE! 

Ao montar uma equipe, após um bom processo de recrutamento e seleção, oferecendo boas condições de trabalho, capacitação e uma gestão inteligente de pessoas, você espere todo tipo de dificuldade, porque inevitavelmente elas virão. Perceba, mesmo que tudo seja feito da melhor forma possível haverá problemas em algum momento, na gestão das equipes. 

Estamos lidando com pessoas. Então é comum e não precisa se melindrar aqui, caso eventualmente, haja conflitos, desentendimentos, queda de rendimento ou até um período de baixa motivação. Quer evitar tudo isso? Muito simples, fácil demais, trabalhe apenas e exclusivamente com máquinas… E sozinho. 

As pessoas, todas as pessoas, de qualquer classe social, gênero, orientação sexual, religiosa, cor etc. possuem sonhos, medos, frustrações, ambições, exatamente como você, gerente, líder ou dono do negócio. As pessoas são singulares, subjetivas em suas existências. Únicas! 

Por esse motivo, o indivíduo desenvolve comprometimento pela empresa em que atua, passa a acreditar no projeto, se engaja, sente-se “em casa”, acaba criando um forte sentimento de pertencimento daquele lugar, daquela companhia, daquele negócio… OU NÃO! 

Pois é, às vezes não acontece esse engajamento, às vezes a relação se desgasta (como na nossa vida pessoal, vamos combinar, acontece), às vezes o profissional compreende que o seu ciclo da empresa teve o seu fim, às vezes surge uma proposta muito mais rentável, por parte de um concorrente, enfim, existem mil razões pelas quais uma pessoa precisa ir embora, duas mil, três mil e isso, compreenda, é normal. 

Aí vem a hora mais cinzenta. A hora de demitir. Por conta de minha profissão, na área de Recursos Humanos, eu infelizmente já demiti muita gente na minha vida, confesso, perdi as contas. Também já fui demitido algumas vezes, então eu posso lhe falar com bastante experiência aqui.  

Acredite, às vezes aquela boa relação entre colaborador e patrão vira um inferno, com agressões, uma total falta de respeito e consideração. Perdesse completamente a alegria da parceria e surge o assedio moral, a conduta agressiva, uma busca por prejudicar o outro emocionalmente. 

Por que tem que ser assim? A demissão é um momento, por si só, difícil. É o termino de um relacionamento, é a interrupção de planos futuros. E isso vale para todos os casos, mesmo em uma decisão de interesse das duas partes. 

Independente do motivo, concreto ou subjetivo, que levaram a demissão daquele colaborador, é fundamental manter uma atitude profissional, de respeito. Não estou falando de abraços e choros coletivos, nada disso. 

Aquele colaborador de alguma forma tirou uma parte de sua vida, de seu tempo para a companhia. Ficou difícil a convivência, a continuidade de seu trabalho? Paciência. Interrompa-se a relação. Mas mantenha a mesma consideração que teve ao contratar ou quando havia entrega de resultados positivos. 

Gosto de lembra sempre que estou desligando alguém da empresa: Aquele profissional é um pai, uma mãe, uma filha dedicada, um membro da comunidade. Aquela pessoa é muito maior que apenas um cargo, uma função. E eu me relaciono com pessoas, não com contratos de trabalho. 

Respeito e consideração, do primeiro até o último dia de trabalho. Empatia, sempre. 

Jean Tavares Leite é Psicólogo Organizacional e professor universitário. 

jeantavares@bol.com.br 

Crédito da Foto: Reprodução/Osayk

 

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