O Fator Amor – Por Jean Tavares Leite

O desafio de amar o que se faz - Foto: Reprodução/Medium

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O que leva uma pessoa a executar um trabalho de forma excepcional, além do esperado, com leveza e prazer? O que leva um profissional a se dedicar de verdade a sua profissão e atuar com toda a sua motivação, independente das condições externas?

Eu vou ser bastante sincero aqui, não tenho resposta para isso. Claro, o senso comum diz que se uma pessoa ama o que faz, ela o fará da melhor forma possível. Mas isso é o óbvio demais e não leva em consideração àquelas pessoas que não são necessariamente apaixonadas por suas profissões, mas trabalham com alta performance.

Um profissional, seja em que empresa ou área de atuação, está atrelado a uma série de fatores externos e esses fatores interferem em sua atuação individual. O clima de trabalho, as condições físicas e psicológicas da empresa, o grupo em que o indivíduo participa, a liderança que é exercida sobre ele, a remuneração, enfim, eu gastaria duzentas páginas para mostrar que enumeras variáveis interferem positiva ou negativamente na forma como o profissional se põe a trabalhar.

Mas, eita que lá vem o “mas”, às vezes, no dia a dia de minha carreira como profissional de Recursos Humanos, eu me deparo com pessoas que mesmo com péssimas condições de trabalho e com tudo para fazer um trabalho digamos, na gíria, “meia boca” (fraquinho, ruinzinho, sofrível, como queira), faz um trabalho incrível, digno de elogios, impecável. Como explicar isso?

E, claro, sou curioso, já perguntei, ao me deparar com esse tipo de profissional: Você ama o que faz? Na grande maioria das vezes a resposta foi um sonoro SIM, apaixonado, brilho no olho, sorriso largo na boca. Parece que ao fazer o que se ama, a pessoa esquece todo o resto e mete bronca. É um negócio de louco.

Acredito que isso tem muito haver com a não alienação do profissional ao seu trabalho. Explico; quanto mais a pessoa sabe exatamente o que faz, porque faz, e quer realmente fazer aquilo, desempenhar aquela função, trabalhar com aquele tipo de profissão, mais a pessoa coloca suas competências, sua motivação, seu total empenho e dedicação àquela tarefa.

O contrário disso seria uma alienação ao trabalho em si. A pessoa faz no automático, pensando nas contas que tem que pagar, não compreende muito qual a importância da execução de suas tarefas para quem as utiliza, encara o trabalho como “um mal necessário” para suprir suas necessidades financeiras e particulares. Aí fica realmente difícil se entregar, afinal, só sendo muito masoquista para se dedicar a algo que lhe faz mal.

O fato é que cada vez mais me convenço da necessidade que temos de compreender o sentido do trabalho para nós e tendo a capacidade de optar por fazer, se achar prazer, ou recusar, se não estiver de corpo, alma e coração naquele trabalho.

Mas, antes de terminar esse texto reflexivo, uma nota, uma pequena, porém importante nota de esclarecimento. É óbvio que trabalhar com dedicação e prazer não exclui DE FORMA ALGUMA, trabalhar com boas condições de trabalho, com uma liderança eficaz e com boa dose de reconhecimento.

Compreenda, não somos robôs, temos também, antes de qualquer coisa, necessidade de reconhecimento, de respeito, de valorização. Acredito que há um limite, até para os mais apaixonados pelo trabalho.

E, se pudermos juntar prazer individual pelo trabalho em um ambiente de valorização profissional, teremos um bom caminho para a excelência profissional.

Pense nisso com AMOR!

Jean Tavares Leite é Psicólogo Organizacional e professor universitário.

jeantavares@bol.com.br

Crédito da Foto: Reprodução/Medium

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