Petrobras posterga parte de salários e reduz produção de petróleo

Estima-se que a depreciação do patamar do petróleo no cenário global pode atrasar o planejamento de desestatização da empresa, além de praticamente inviabilizar a exploração do pré-sal - Foto: Pilar Olivares/Reuters

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Nem o mais pessimista dos acionistas poderia prever tamanha depreciação no valor do barril de petróleo em tão pouco tempo. O barril da commodity, que chegou a estar cotado a mais de 70 dólares em janeiro, hoje beira os 25 dólares. A desvalorização do ativo para o período é acima de 60%. E tudo piorou com a guerra de preços protagonizada por Arábia Saudita e Rússia no último mês e com a queda na demanda mundial causada pela crise do novo coronavírus (Covid-19). Com o excedente de oferta no mercado, não restou outra alternativa à Petrobras senão reduzir custos de operação. Nesta quarta-feira, 1º, a estatal anunciou um corte em sua produção diária estipulado em 200.000 barris de petróleo por dia, além de reduzir seu capital de investimentos para este ano de 12 bilhões de dólares para 8,5 bilhões de dólares.

As medidas, segundo a estatal, são ações necessárias para garantir a sustentabilidade da companhia e mitigar os efeitos do que se caracteriza como “a pior crise da indústria do petróleo nos últimos 100 anos”. “O cenário atual é marcado por uma combinação inédita de queda abrupta do preço do petróleo, excedente de oferta no mercado e uma forte contração da demanda global por petróleo e combustíveis. Estas novas medidas envolvem redução da produção de petróleo, postergação de desembolso de caixa e redução de custos”, afirmou a empresa, em comunicado à imprensa.

Com o corte elevado na produção, a companhia também anunciou medidas para economizar cerca de 700 milhões de reais em gastos com funcionários. Dentre as ações previstas estão a postergação do pagamento, entre 10% a 30%, da remuneração mensal de empregados com função gratificada (gerentes, coordenadores, consultores e supervisores); cancelamento dos processos de avanço de nível e promoção para empregados de cargos altos; corte de 50% no número de empregados em sobreaviso parcial nos próximos três meses e suspensão temporária de todos os treinamentos; mudança temporária de regimes de turno e de sobreaviso para regime administrativo de cerca de 3,2 mil empregados; e a redução temporária da jornada de trabalho, de 8 horas para 6 horas, de cerca de 21 mil empregados. A empresa espera, com o conjunto de ações anunciadas, chegar ao corte desejado de 2 bilhões de dólares em gastos operacionais em 2020.

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