Um poema para Lourdes

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I

Então,
Aqui estou eu
Bem ou mal
Resultado de todos aquelas
Madrugadas insones
De choro e de cólica
Que não passava nunca
E de todo ar
De preocupação
Que havia em teu rosto

Talvez
Alguns sulcos
Desses que fendem no canto dos olhos
Em que formalmente
Acusamos os anos
Tenham a minha assinatura
E tua face inteira seja um livro
Em que passeiam minhas mãos
E que agora leio

II

Isso é estranho?
É quando estou sereno
Que mais sinto falta
Dos conselhos
– Que nunca segui
Da tua preocupação
-Ao qual sempre fiz questão
De negar
Com ímpeto orgulhoso

Pois tanta ternura assim,
Tanto cuidado assim,
Não faz de um menino
Um homem

III

Nuca fui bom em matemática
Mas o mundo ensina
Ganha-perde
É a única lição – Cunhada em pedra-
Ao qual devemos estar atentos.

IV

Em que mundo habitas agora?
Por qual nome atendes?
Tu
Que vinhas ao menor sinal de choro,
De um joelho arranhado
Por que andas tão surda?
Agora que estou gritando?

V

Oh, leve-me com você
Segure a minha mão
– Juro, não dou trabalho

Não preciso
Mais do que um palmo de terra

Leve-me e seguirei para o abrigo do teu colo;
Cheirando a alvejante
E submissão

Leve-me para que assim eu cole minha orelha em teu peito
E escute novamente- e com espanto
O teu coração batendo

Oh, embale-me com uma história
Ao teu modo-de não saber contar histórias.
Aos sonhos simples, delicados
-Juro,
ficarei calado!

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