É fácil se surpreender com uma pessoa muito inteligente. Quando se trata de crianças ou jovens com altas habilidades, os chamados “superdotados”, mais que interesse, suas capacidades de raciocínio geram curiosidade. Pesquisas mostram que habilidades envolvendo a manipulação mental de padrões visuais são muito importantes para profissionais das carreiras de ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Inclusive, é apontado que a habilidade visuoespacial de jovens é capaz de prever o sucesso nessas profissões.
Há muito, a educação procura caminhos para aproveitar mais adequadamente esse potencial. A ciência, por sua vez, busca responder sobre essa condição especial, como é o caso de estudo publicado por pesquisadores da UFRN que procurou identificar o que acontece no cérebro de adolescentes com altas habilidades.
Pesquisas sobre a atividade cerebral durante uma tarefa de rotação mental indicaram o envolvimento das regiões parietal e frontal do cérebro durante a realização da tarefa. Porém, o novo estudo publicado na revista Plos One observou que os adolescentes que possuem maiores medidas de inteligência conseguem envolver mais a região frontal, fortemente relacionada aos processos cognitivos, como o raciocínio matemático para reconhecer os padrões espaciais.
Os resultados mostram que a inteligência e a rotação mental estão associadas através da atividade de uma pequena parte da região parietal direita e uma grande parte da região frontal, abrangendo ambos hemisférios. Essa atividade frontal ocorreu de forma lateralizada em ambos os grupos, ou seja, durante a realização da tarefa, a região frontal direita apresentou mais atividade em comparação com a esquerda. Esta lateralidade não diferencia os grupos mas sua observação é importante para caracterizar o padrão cerebral envolvido neste exercício mental. Isso foi medido durante tarefa clássica de rotação mental de Shepard-Metzler, realizada pelos participantes enquanto registravam simultaneamente o eletroencefalograma.
A rotação mental é a capacidade de gerar representações mentais de objetos bidimensionais e tridimensionais, uma vez que está relacionada com a representação visual de tal rotação dentro da mente humana. Antes da tarefa, no entanto, os participantes foram instruídos sobre o design do experimento com uma apresentação de slides. Nos testes realizados com eletroencefalografia (EEG), os adolescentes com altas habilidades apresentaram maiores taxas de acerto em relação ao desempenho na tarefa. Em média, eles também responderam mais rápido, mas esse efeito não foi forte o suficiente para diferenciar os dois grupos.
Os adolescentes com altas habilidades intelectuais que participaram da pesquisa são integrantes do projeto “Talento Metrópole”. Este projeto do Instituto Metrópole Digital/UFRN, coordenado pela professora Izabel Hazin, tem como objetivo desenvolver o talento de jovens com altas habilidades na área da tecnologia da informação.
Assinado por Renata Figueiredo Anomal (Departamento de Morfologia da UFRN), Daniel Soares Brandão e Rafaela Faustino Lacerda de Souza (Instituto do Cérebro da UFRN), Silvia Beltrame Porto e Izabel Augusta Hazin Pires (Departamento de Psicologia da UFRN), Sóstenes Silva de Oliveira (Faculdade Maurício de Nassau), José de Santana Fiel, Bruno Duarte Gomes e Antônio Pereira Jr (Universidade Federal do Pará), o estudo, cujo título é “O papel dos córtices frontal e parietal no desempenho de adolescentes superdotados e médios em uma tarefa de rotação mental”, é aberto e pode ser acessado neste link.
Fonte: Agecom/UFRN