A comitiva de autoridades políticas brasileiras que está retida em Israel, que inclui o secretário de Planejamento de Natal, Vagner Araújo, estuda a possibilidade de retornar ao Brasil após cruzar a fronteira com a Jordânia e depois ir até a Arábia Saudita. A informação foi dita por Vagner Araújo em vídeo gravado por volta das 15h50 deste sábado (14) na região próxima a Tel Aviv (9h50 no Brasil).
Segundo o secretário, foram citadas duas possibilidades: sair de carro até a Jordânia ou Egito, ou ir de barco até o Chipre — essa alternativa da embarcação, no entanto, ainda não estaria disponível. A melhor opção no momento, segundo ele, é ir até a Jordânia, devido às boas relações do governo brasileiro com o governo jordaniano. O príncipe do país também estaria se colocando à disposição para dar todo o apoio assim que entrassem na fronteira da Jordânia. O trajeto levaria cerca de quatro horas e meia de carro.
Nesse caso, explicou Araújo, os brasileiros já ficariam numa zona mais protegida e com maior facilidade de chegar a algum aeroporto na própria Jordânia. Como o espaço aéreo de lá está fechado nesse momento, então partiriam para a Arábia Saudita, que tem o espaço aéreo aberto.
“A logística seria sairmos de carro daqui por cerca de quatro horas e meia até chegar no posto de fronteira com a Jordânia, e de lá nós entrarmos na Jordânia e depois passarmos para a Árabia Saudita. Detalhe: a fronteira de Israel com a Jordânia fica a cerca de uma hora e vinte minutos de onde nós estamos, mas nós não podemos ir por esse caminho porque lá não existe posto de fronteira, não existe possibilidade de entrada. O único posto de fronteira que tem de Israel com a Jordânia fica a quatro horas e meia daqui, lá no finalzinho onde fica uma espécie de tríplice fronteira junto ao Egito, a própria Arábia Saudita que fica ali bem próximo, e à Jordânia. Então, essa é a opção que está sendo trabalhada nesse momento. O governo brasileiro está se comunicando com o governo de Israel e com o governo da Jordânia para viabilizar isso e quem do nosso grupo está liderando esse trabalho é o prefeito Cícero [Lucena, de João Pessoa]”, informou.
Vagner disse que está colaborando com o prefeito de João Pessoa e acredita também que essa seja a melhor opção. O governo de Israel, segundo ele, não se opõe a essa saída, e estaria buscando um motorista para levar o grupo de carro, mas informou que não pode garantir a segurança dos brasileiros fora de um abrigo. Por isso, alguns dos brasileiros estariam reticentes com a opção.
O temor é de que, nesse trajeto de mais de quatro horas, algum míssil possivelmente ataque o grupo. Mas, de acordo com o titular do Planejamento, o ataque é “pouquíssimo provável”, já que o veículo estaria numa estrada longe das grandes cidades.
“Os ataques por mísseis geralmente se dirigem a regiões e instalações urbanas ou militares, mas muito pouco provável que ocorra [na estrada], porque os mísseis, principalmente esses mísseis balísticos que são usados pelo Irã, eles não são teleguiados, não têm um direcionamento muito assertivo. Eles vão para uma determinada região. Isso nos tiraria o risco de alguém direcionar um artefato como esse em um veículo em uma estrada, por outro lado também levanta o risco de que esses mísseis que não são teleguiados, que não tem precisão de acerto, por algum acidente cheguem até a região que nós estivermos nesse carro, mas isso é uma probabilidade muito pequena”, falou.
Recomendação de Israel
Vagner Araújo explicou que o governo de Israel está orientando que os brasileiros permaneçam dentro de um abrigo até que a situação se normalize, embora tenha se colocado à disposição para buscar um motorista que os leve até a fronteira com a Jordânia. Contudo, o problema de permanecer no país, segundo Vagner, é a imprevisibilidade de quando tudo voltará ao normal.
“Nós, eu, Cícero e outros mais que estamos querendo ir, entendemos que o nosso problema é essa incerteza, é saber quando isso vai se normalizar. A notícia que nós temos é que esse conflito não tem previsão diplomática de se resolver nesses próximos dias. Se assim tivesse até aguardaríamos”, apontou.
A comitiva soube neste sábado que a reunião que estava marcada para o domingo (15) entre o governo americano e o governo do Irã para tentar uma solução não vai mais ocorrer.
“O governo do Irã disse que não vai mais participar, ou seja, nós não temos nenhuma perspectiva de curto prazo, de uma solução diplomática ou de um arrefecimento dos ânimos nessa crise, e isso nos leva então a uma situação de absoluta imprevisibilidade e incerteza das condições de a gente sair daqui por vias normais, por um possível embarque no aeroporto aqui de Tel Aviv ser viável”, informou.
“Então, diante disso, nós achamos que é melhor a gente aproveitar essa oportunidade, essa janela de oportunidade, essa abertura que o governo brasileiro está conseguindo com o governo da Jordânia, de a gente chegar até lá de carro e de lá, aí sim, as coisas ficam mais tranquilos, do ponto de vista de segurança, pessoal. E aí a gente procura um caminho, um embarque, num aeroporto na própria Jordânia ou na Arábia Saudita para poder voltar para casa.”
Segurança
O secretário tranquilizou e afirmou que todos da comitiva estão bem e seguros.
“Estamos usando toda a racionalidade possível, do ponto de vista psicológico, emocional, graças a Deus estamos bem seguros, tranquilos para tomar as melhores decisões, analisando todos os fatores, mas é isso que nós estamos tratando nesse momento”, informou.
Viagem a Israel
A viagem do secretário de Planejamento de Natal a Tel Aviv atendeu a um convite do governo israelense para integrar uma programação bilateral voltada à inovação urbana, segurança cidadã e cidades inteligentes entre os dias 10 e 20 de junho de 2025. A carta-convite, assinada pelo embaixador Daniel Zonshine, assegurou o custeio das passagens aéreas internacionais e dos traslados internos para os representantes oficiais.
O roteiro inicial, organizado pela Federação das Autoridades Locais de Israel, previa visitas técnicas e seminários em Tel Aviv, Haifa, Jerusalém, região da Galileia e sul do país. Entre os temas programados estavam:
Cidades inteligentes e soluções digitais (centro de controle de trânsito de Tel Aviv, Start-Up Nation Center)
Segurança cidadã e gestão de emergências (projeto “Cidade sem Violência”, centros de comando e controle)
Ecologia e energias renováveis (usinas regionais de reciclagem de água e outros projetos congêneres)
Soluções educacionais e liderança juvenil (modelos de prevenção à evasão escolar)
Resiliência comunitária em áreas próximas à Faixa de Gaza, com prefeitos e líderes regionais locais.
O ponto alto da missão seria a participação na MUNIEXPO 2025 – Conferência de Inovação Municipal, a maior feira israelense de gestão de cidades, marcada para 17 e 18 de junho no Centro de Convenções de Tel Aviv.
A lista completa de autoridades políticas brasileiras no país é formada por:
Distrito Federal
• Marco Antônio Costa Júnior – secretário de Ciência e Tecnologia
• Ana Paula Soares Marra – secretária de Desenvolvimento Social
• Thiago Frederico de Souza Costa – secretário-executivo Institucional e de Políticas de Segurança Pública
• Rafael Borges Bueno – secretário de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural
• Denise Figueiredo Passos – acompanhante da primeira-dama
• Angela Maria Ferreira Lima – acompanhante da primeira-dama
(A primeira-dama do DF deixou Israel antes da escalada do conflito)
Goiás
• Pedro Leonardo de Paula Rezende – secretário estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento
• Rasível dos Reis Santos Júnior – secretário estadual de Saúde
• Keila Edna Pereira Santos – esposa do secretário de Saúde
Mato Grosso do Sul
• Ricardo José Senna – secretário-executivo de Ciência, Tecnologia e Inovação
• Christinne Maymone – secretária-adjunta da Secretaria de Saúde
• Marcos Espíndola de Freitas – coordenador de Tecnologia da Informação da Secretaria de Saúde
Rondônia
• Marcos Rocha – governador
• Augusto Leonel de Souza Marques – secretário de Integração
• Valdemir Carlos de Góes – secretário-chefe da Casa Militar
• Maricleide Lima da Fonseca – chefe de Agenda do Governador
• Rute Carvalho Silva Pedrosa – chefe de Gabinete do Governador
• Renan Fernandes Barreto – chefe de Mídias do Governador
Consórcio Brasil Central
• José Eduardo Pereira Filho – secretário-executivo
• Renata Zuquim – diretora de Relações Internacionais e Parcerias
• Bruno Watanabe – diretor de Projetos
• Fabrício Oliveira – assessor de comunicação
• Ana Luisa Farias – analista internacional
Prefeitos e vice-prefeitos
• Álvaro Damião Vieira da Paz – prefeito de Belo Horizonte (MG)
• Cícero de Lucena Filho – prefeito de João Pessoa (PB)
• Welberth Porto de Rezende – prefeito de Macaé (RJ)
• Johnny Maycon – prefeito de Nova Friburgo (RJ)
• Janete Aparecida Silva Oliveira – vice-prefeita de Divinópolis (MG)
• Maryanne Terezinha Mattos – vice-prefeita e secretária de Segurança Pública de Florianópolis (SC)
• Cláudia da Silva Lira – vice-prefeita de Goiânia (GO)
• Vanderlei Pelizer Pereira – vice-prefeito de Uberlândia (MG)
Secretários municipais e representantes locais
- Dilermando Garcia Ribeiro Júnior – secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação de Aracaju (SE)
- Márcio Lobato Rodrigues – secretário municipal de Segurança Pública de Belo Horizonte (MG)
- Paulo Rogério Rigo – secretário de Proteção Civil de Joinville (SC)
- Francisco Vagner Gutemberg de Araújo – secretário de Planejamento de Natal (RN)
- Gilson Chagas e Silva Filho – secretário de Segurança Pública de Niterói (RJ)
- Alexandre Augusto Aragon – secretário de Segurança Pública de Porto Alegre (RS)
- Verônica Pereira Pires – secretária de Inovação, Sustentabilidade e Projetos Especiais de São Luís (MA)
- Flavio Guimarães Bittencourt do Valle – vereador do Rio de Janeiro (RJ)
- Davi de Mattos Carreiro – chefe executivo do Centro de Inteligência, Vigilância e Tecnologia de Segurança Pública do Rio de Janeiro (Civitas)
- Francisco Nélio Aguiar da Silva – presidente da Federação das Associações de Municípios do Pará (Famep), ex-prefeito de Santarém e secretário regional de Governo para o Baixo Amazonas (PA)
Imagem: Reprodução
Fonte: Agência Saiba Mais