Pelo menos 80% das barragens ou reservatórios potiguares com capacidade de armazenamento superior a 3 milhões de metros cúbicos de água apresentam índices altos para a categoria de risco e possibilidade de dano ambiental. É o que aponta um levantamento elaborado pelo Instituto de Gestão das Águas do Rio Grande do Norte (IGARN). O documento, no entanto, ainda é parcial.
O G1 teve acesso ao levantamento, que traz dados de 31 das 60 inspeções feitas este ano pela equipe técnica do instituto. Os relatórios restantes destas inspeções estão sendo concluídos. Até o final de 2019, outras 60 inspeções devem ser realizadas, também gerando relatórios.
Segundo o IGARN, “é importante esclarecer que a categoria de risco (CRI) é um índice de segurança que faz aumentar a responsabilidade do empreendedor responsável pelo reservatório, de forma que ele tenha ciência do risco. Para isso, a barragem precisa receber manutenção continuada e este responsável sempre deve manter atualizado o Plano de Segurança de Barragem”.
Já o chamado Dano Potencial Associado (DPA), “é o que classifica o risco ambiental, socioeconômico e potencial de perda de vidas humanas que a barragem pode causar se ela vier a romper, sem necessariamente indicar algum perigo disso ocorrer”, destaca.
Prevenção
O objetivo das inspeções é evitar que se repitam incidentes como o ocorrido no mês de abril na região Central do estado, mais precisamente entre os municípios de Santana do Matos e Fernando Pedroza, quando chuvas superiores a 220 milímetros provocaram o rompimento de pequenos reservatórios, ponto em sério risco a barragem São Miguel II, que possui capacidade para armazenar até 8 milhões de metros cúbicos de água. O fato obrigou o governo a intervir no reservatório, de forma a reduzir a capacidade de armazenamento da barragem.
Um outro reservatório, o açude São Miguel I, também em abril, chegou a transbordar, causando uma enxurrada. A força da água levou embora a cabeceira de uma ponte na RN-041, prejudicando o acesso da população ao município de Santana do Matos. Dois carros foram arrastados pela correnteza. Duas pessoas foram resgatadas com ferimentos leves.
Canal aberto para o escoamento da água acumulada no açude São Miguel II ajudou a diminuir vazão no sangradouro e o risco de rompimento da parede do reservatório — Foto: Defesa Civil do RN
Barragens vistorias
As 60 barragens vistorias ficam em 16 municípios: Angicos, Afonso Bezerra, Caicó, Fernando Pedroza, Jardim do Seridó, Lajes, Macaíba, Mossoró, Paraú, Parelhas, Pedra Preta, Pedro Avelino, Santa do Matos, São Paulo do Potengi, Tangará e Upanema.
Abaixo, veja a lista completa dos reservatórios vistoriados até o momento e suas respectivas classificações:
Reservatórios Vistoriados/Classificação
Açude/Barragem | Município | Dano Potencial Associado (DPA) | Categoria de Risco (CRI) |
Algodoeira/São Miguel II | Angicos | Alto | Alto |
Angicos | Angicos | Relatório pendente | Relatório pendente |
São Joaquim | Angicos | Baixo | Alto |
Canaã | Angicos | Baixo | Médio |
Milhã | Angicos | Baixo | Alto |
Novo Angicos | Angicos | Alto | Alto |
Riacho Caraúbas | Angicos | Alto | Alto |
São Luiz | Angicos | Relatório pendente | Relatório pendente |
Teodoro | Angicos | Alto | Alto |
Boqueirão de Angicos | Afonso Bezerra | Relatório pendente | Relatório pendente |
Das Flores | Afonso Bezerra | Relatório pendente | Relatório pendente |
Jacumar | Afonso Bezerra | Relatório pendente | Relatório pendente |
Santa Maria | Afonso Bezerra | Relatório pendente | Relatório pendente |
Barbosa de Baixo | Caicó | Alto | Médio |
Pedra do Sino I | Caicó | Alto | Alto |
Pedra do Sino II | Caicó | Alto | Alto |
Riacho do Meio | Caicó | Alto | Médio |
Cacimba de Cima | Fernando Pedroza | Médio | Alto |
Apertado | Fernando Pedroza | Médio | Alto |
Maribondo | Fernando Pedroza | Relatório pendente | Relatório pendente |
Orós das Melancias | Fernando Pedroza | Alto | Alto |
Riacho do Meio | Jardim do Seridó | Médio | Médio |
Gavião | Lajes | Alto | Médio |
Juazeiro | Lajes | Alto | Alto |
Caraúbas | Lajes | Alto | Alto |
Tabatinga | Macaíba | Alto | Médio |
Genésio | Mossoró | Relatório pendente | Relatório pendente |
Lagoa de Paus | Mossoró | Relatório pendente | Relatório pendente |
Beldroega | Paraú | Alto | Alto |
Bola I | Paraú | Relatório pendente | Relatório pendente |
Bola II | Paraú | Relatório pendente | Relatório pendente |
Espinheirinho | Paraú | Relatório pendente | Relatório pendente |
Espinheiro Velho | Paraú | Relatório pendente | Relatório pendente |
Gangorra | Paraú | Relatório pendente | Relatório pendente |
Dix-Sept Rosado | Parelhas | Alto | Médio |
São Pedro I | Pedra Preta | Baixo | Médio |
Antônio Pinto/Capoeira | Pedra Preta | Relatório pendente | Relatório pendente |
Santa Fé | Pedra Preta | Relatório pendente | Relatório pendente |
Boca da Picada/Cata-Vento | Pedra Preta | Relatório pendente | Relatório pendente |
Jacú | Pedro Avelino | Relatório pendente | Relatório pendente |
Logradouro | Pedro Avelino | Relatório pendente | Relatório pendente |
Raposa | Pedro Avelino | Relatório pendente | Relatório pendente |
Riacho da Onça | Pedro Avelino | Relatório pendente | Relatório pendente |
Maracajaú I | Pedro Avelino | Relatório pendente | Relatório pendente |
Alecrim | Santana do Matos | Alto | Alto |
Arapuá | Santana do Matos | Relatório pendente | Relatório pendente |
Timbaúba/Aristófane Fernandes | Santana do Matos | Médio | Alto |
Cachoeirinha | Santana do Matos | Alto | Alto |
Caldeirões | Santana do Matos | Relatório pendente | Relatório pendente |
Malhada Funda | Santana do Matos | Relatório pendente | Relatório pendente |
Palestina | Santana do Matos | Relatório pendente | Relatório pendente |
Palestina II | Santana do Matos | Relatório pendente | Relatório pendente |
Rio da Pedra | Santana do Matos | Alto | Médio |
Rosário | Santana do Matos | Alto | Alto |
Saquinho | Santana do Matos | Relatório pendente | Relatório pendente |
Trapiá III | Santana do Matos | Relatório pendente | Relatório pendente |
Campo Grande | São Paulo do Potengi | Alto | Médio |
Guarita | Tangará | Alto | Alto |
Santa Terezinha | Tangará | Alto | Alto |
Umari | Upanema | Alto | Alto |
Abrangente e atual
“Este trabalho de vistoria é de suma importância, porque ele configura o mais abrangente e o mais atual levantamento sobre as condições dos reservatórios do Rio Grande do Norte”, destacou Caramuru Paiva, diretor-presidente do IGARN.
Equipe do IGARN durante inspeção na barragem de Umari, em Upanema — Foto: Igarn
Ainda de acordo com o gestor, a partir das vistorias concluídas já é possível observar e apontar quais caminhos os proprietários e o próprio poder publico deverão adotar para que se possam reduzir os níveis atuais de problemas identificados.
“E, assim, garantir que os açudes e barragens cumpram o importante papel de vetor do desenvolvimento e promotor da qualidade de vida, sobretudo no estado aonde cerda de 90% dele é semiárido, que é o caso do nosso Rio Grande do Norte”, acrescentou.
Fonte: G1 RN
Imagem: IGARN