Split Fiction é diversão duplamente garantida e videogame na sua forma mais pura. A nova aventura cooperativa da Hazelight, estúdio por trás de jogos como It Takes Two e A Way Out, chegou ao Nintendo Switch 2 no lançamento do hardware e é uma ótima pedida para aqueles que querem uma jornada recheada de variedade.
Era uma vez
A história do jogo é centrada em duas autoras: Mio e Zoe. Mio é uma autora de histórias sci-fi, mais tímida e centrada, enquanto Zoe, que gosta de escrever tramas de fantasia, é mais extrovertida e simpática com as pessoas.
As duas mulheres, de personalidades claramente distintas e opostas, veem-se em um impasse ao serem convidadas por uma corporação para terem suas obras publicadas. O problema começa imediatamente quando Mio descobre que tudo não passava de uma armação para que a empresa possa roubar suas ideias, a fim de criar simulações virtuais a partir delas.
Revoltada, a autora acaba se revoltando e adentra acidentalmente na simulação de Zoe, causando problemas inesperados. Agora, as duas terão que trabalhar juntas para escapar desta situação e salvar suas histórias do CEO do mal.
Embora a premissa seja simples, Split Fiction utiliza-a para potencializar a criatividade dos mundos apresentados. A trama percorre diversos cenários dentro da simulação, cada um inspirado em alguma ideia de história das protagonistas, o que torna tudo mais interessante. Além disso, inicialmente as autoras terão vários choques de personalidade, que vão amenizando conforme o passar dos eventos na medida que seus arcos progridem.
De tudo um pouco
Quanto à jogabilidade, é extremamente difícil explicá-la em poucas palavras. Na base, o título é quase um jogo de plataforma tridimensional: ambos os jogadores terão opções de pular, correr, utilizar um gancho e dar um impulso aéreo ou terrestre com as personagens.
Mas resumir Split Fiction a isso é esconder muita coisa. Seu brilho está nas inúmeras mecânicas introduzidas ao longo dos diferentes universos apresentados. O conteúdo é dividido em capítulos, sendo oito no total, e eles são longos, recheados de diferentes seções.
Normalmente, cada capítulo possui um cenário, seja sci-fi ou fantasioso, e as seções podem variar drasticamente de jogabilidade. Há inúmeros exemplos: temos momentos em que as duas protagonistas podem ganhar poderes como armas de tiro ou chicotes em uma aventura ninja espacial, ou a habilidade de se tornar um macaco ou uma fada em uma jornada para derrotar o vilão que quer congelar todo um reino fantástico.
Os dois jogadores devem pensar juntos e utilizar as diferentes habilidades comumente apresentadas para atravessar desafios de plataforma ou resolver inúmeros quebra-cabeças. Felizmente, mesmo que ambas as autoras tenham ações distintas extras na maioria das vezes, o título evita que apenas um dos jogadores fique no controle por muito tempo em situações em que apenas uma das autoras toma a frente.
Em nenhum momento a variedade de jogabilidades incomoda ou frustra, pois as mecânicas são apresentadas de forma clara e naturalmente seguem a progressão de aumento de dificuldade. Mesmo nos inúmeros chefes, por exemplo, Split Fiction é bem compreensível com a penalidade: em várias situações de morte de um dos jogadores, é possível retornar à ação ao pressionar um botão rapidamente, ou, mesmo que ambos morram, o sistema de checkpoints é extremamente generoso e retoma de um ponto próximo.
Sorriso nos rostos
A variedade fica ainda mais maluca nas histórias opcionais, também chamadas de “side stories”, que funcionam como minisseções encontradas pelos diferentes capítulos. Elas normalmente possuem suas mecânicas próprias e, por vezes, os desenvolvedores concebem ideias malucas, como uma aventura de dois porcos até virarem salsicha ou a representação de uma ida ao dentista por meio de um chefão robótico.
Fica o adendo que, infelizmente, estas pequenas áreas são praticamente o único conteúdo opcional do jogo. Muitas vezes são apresentados cenários grandes, com cantos em que claramente poderia ter algum segredo ou coletável, mas não há nada a encontrar, o que pode desincentivar um pouco a exploração.
Mesmo assim, Split Fiction não conseguiu tirar o sorriso do meu rosto na maior parte da aventura, o que contempla-o como uma experiência para rir e se divertir em conjunto. É também muito fácil de conseguir uma dupla para jogar, já que existem muitas opções de acessibilidade para garantir isso.
Há a inclusão do GameShare, uma adição muito bem-vinda, e o “Friend’s Pass”, uma função que dá a possibilidade de chamar qualquer pessoa para a jogatina online, mesmo que ela não tenha comprado o jogo. Ainda sobre este multiplayer online, temos também a funcionalidade de crossplay, ou seja, seu segundo jogador poderá jogá-lo no PC, PS5, Xbox Series S/X, Switch 2 e/ou PC.
Graficamente falando, a versão de Switch 2 não faz feio para as outras, embora haja alguns downgrades. A performance chega a 30 quadros por segundo, metade das outras plataformas, mas os visuais continuam impressionantes, seja nas transições malucas das fases ou então nas cinemáticas. Em alguns momentos, porém, a imagem pode ficar um pouco borrada, principalmente no modo portátil.
Duplamente recomendado
Split Fiction é pura alegria para dois jogadores: uma aventura confortante, hilária e divertida, que esbanja criatividade com sua infinidade de mecânicas. Embora haja alguns downgrades, a versão de Switch 2 é bem competente visualmente e é uma recomendação obrigatória aos donos do console que procuram por novas experiências multiplayer.
Prós
- Infinidade de mecânicas;
- Equilíbrio perfeito do coop, sem que um jogador fique inativo por muito tempo;
- Visuais bonitos e cenários criativos;
- História simples, porém eficaz;
- Múltiplas opções de acessibilidade quanto ao multiplayer, incluindo crossplay.
Contras
- Exploração pouco incentivada.
Split Fiction — Switch 2/PC/PS5/XSX — Nota: 9.5Versão utilizada para análise: Switch 2
Análise de Guilherme Lima
Fonte: Nintendo Blast